O tema mais vibrante, no momento, além da “Copa do Mundo”, é a proteção ao meio ambiente: o discurso ecológico, os partidos verdes nas diversas democracias e as ONGs ambientalistas que se multiplicam mundo afora. A importância real disso são as relações com a economia, com os recursos energéticos, com a sustentabilidade da sociedade como um todo e mesmo com a preservação de nossa espécie (humana). No Brasil, não é diferente, temos o nosso Ministério do Meio Ambiente e em cada estado e município, deve haver uma secretaria ou um órgão congênere para tratar deste assunto.
Ainda na década de 80, o relatório da 8ª Conferência Nacional de Saúde já previa a interseção: “A saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. Noção que foi contemplada na Constituição Federal de 1988. Fazendo-se uma relação entre meio ambiente e saúde, ressalto que uma pesquisa da ANVISA aponta o Brasil como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e somente no ano passado, foram vendidas 725,6 mil toneladas dessas substâncias no país, movimentando US$ 6,62 bilhões, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag).
Os prejuízos trazidos pelos agrotóxicos à saúde são inúmeros e entender isso não é tarefa difícil: diariamente, nós comemos esse veneno! As pessoas que trabalham com o manejo de agrotóxicos estão ainda mais expostas a esse mal, sem falar que o meio natural absorve toda essa carga de resíduos e se torna sucessivamente mais pobre em nutrientes, o oposto do que promete a indústria química, além de comprometer a qualidade das sementes, sobretudo quando estas são geneticamente modificadas para que seus frutos sejam estéreis, necessitando o produtor adquirir, além dos agrotóxicos, novas sementes, a cada ano.
Vive-se uma época, portanto, em que o acúmulo de resíduos, seja o lixo não coletado e processado, seja o amplo número de venenos lançados à natureza, vai restringir a capacidade de geração de saúde da população ̶ sobretudo a mais pobre ̶ e o referido tema segue na agenda política dos governos e por conseguinte a saúde da população acompanha, porque esta é a grande importância de se pensar a natureza: é a nossa saúde, a saúde pública de nosso povo brasileiro. As emendas ao (novo) Código Florestal Brasileiro, em relação às demandas ambientalistas, falam por si só, para não citar as campanhas eleitorais ̶ quando atualmente, tem-se no país uma candidata qualificada cujo discurso gira em torno da distribuição de renda e da sustentabilidade ambiental ̶ em contraposição a tudo isso: mais um grande desastre ambiental nos Estados Unidos, com o vazamento frenético de óleo no Golfo do México, expõe as contradições e a necessidade de se pensar o tema.
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