Minha vida é mata verde-chuvosa
É Floresta chorosa
Úmida lágrima de verão, sem você
Estação seca, contradição
Primavera sem flores e sem você
O eterno girar do Sol, deserto desalento
Sem você, é vivência odiosa, é sertão
Um árido sertão, sem você, solidão
E o tempo arrasta suas alpercatas, lento
Cem anos de solidão, um dia, sem você
Sem você, São Francisco ingrato e sedento
Sou eu inverno e outono, sou profano e bento
Mar? Sim, meu mar ausente, apressado...
A onda que vem só traz recado
para um “ser-tão” impaciente
Noite vem também, ah, mas sem sorriso...
Sem sorriso eu não quero
Pois seria um céu sertanejo sem estrelas
Mas reconheço, enfim
Rimar com “ão” seria mais fácil
Mas só seria rima, não seria sério...
Não sou poeta, não sou Drummond
Só busco a palavra certa
Que para mim é Macicley!
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