O Ezequiel deu para beber e quando chega embriagado, a submete às suas loucuras.
- Se vire!
Chorando baixinho, ela obedece. Então a penetração dolorosa, que a corta ao meio, como se ela fosse uma coisa, um objeto!
Depois ele adormece. Roncando satisfeito. Odiosamente satisfeito. Até onde irá Ezequiel com suas invenções, que surgiram assim de repente?
- Besteira Tereza. Todo casal faz assim.
Não a respeita. Não a considera como mulher, que não aceita, sente-se violentada, sente-se tudo, menos uma mulher!
Está na cozinha, cuidando do jantar. E ouve o barulhinho no armário vizinho.
- É o rato.
Sim, o animalzinho busca alimento dentro do armário. É mas hoje ele encontrará o “que é bom pra tosse”. E abrindo o armário retira o frasco envolto num plástico, comprado no dia anterior.
Com cautela despeja um pouco do pó negro num pires, misturando-o com o queijo ralado retirado do refrigerador. Em seguida com um palito de fósforo mexe-o, no disfarce mortal.
Devagarzinho. Devagarzinho. Então de repente a idéia brota, e se...
Vacila por instantes, mas, a tentação é grande, forte e, vencendo-a, a faz despejar o restante do frasquinho na sopa que ferve já pronta para ser tomado.
Põe o pires atrás do fogão, à espera do comandango e desligando o fogão sorri já se sentindo vingada. O Ezequiel receberá o que bem merece...
- O crápula.
Logo os passos pesados, inocentes cruzando a salinha, se aproximam.
- Tereza?
- Tou aqui na cozinha cuidando de sua sopa. Possa se sentar, que já chego.
A cadeira é afastada e o corpo grande, forte ocupa-a. Com os braços musculosos sobre o forro da mesma, Ezequiel espera. Pela morte. Que adentra.
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