Na escadaria
Da sua solidão
Sentei-me
No topo,
Pra enxergar
Onde ia dar,
A lua a me observar
Escondia uma face
tentando disfarçar
Sua curiosidade,
Sensibilizada
Com a minha vontade
De fazer explodir
Nas suas entranhas
O gosto do bem- amar,
Sentei-me por horas
A te esperar
Respirei fundo,
No fundo
Queria sentir
Suas mãos
Arrependidas
Do abraço
Que não me deu
Se recolheu
Pra um lugar
Onde não pude
Alcançar,
Desci os degraus
Vagarosa mente,
A dor queimava em mim
Como água quente
Escorrendo pelo corpo,
Cada degrau uma esperança
E no final
Apenas ...
Algumas orquídeas
Penduradas
Me fitaram
Parecendo acenar
Um adeus
Aos olhos meus
Aos sonhos meus
Que sempre foram seus.
Maria Júlia Pontes Ilustração (foto de Mjulia, orquidário Di Nena)
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