Ele sabia. Fingia que não, mas sabia. Sempre chegava em casa afim. Mas ela nunca queria nada. Era sempre uma desculpa nova. “Meu Deus, quanta criatividade”, pensava ele. Ela era muito atraente, apesar de estarem casados há anos, e isso o deixava louco. Fazia tempo que não acontecia nada. O pior de tudo é que ele sabia.
Um dia ele resolveu voltar mais cedo para casa, só para ter certeza. Estacionou um tanto longe, para não fazer barulho, pegou seu revólver no porta luvas e entrou na casa como um ladrão. Foi subindo lentamente a escada, de onde já escutava a festa que sua mulher dava na sua cama com outra pessoa. Por um momento pensou que tudo não passava de um sonho ou que deveria ter uma explicação razoável para tudo aquilo. Abriu a porta e viu os dois. Era seu melhor amigo que estava com ela. Imediatamente os dois tentaram se explicar, mas o marido aborrecido sacou a arma e apontou bem na testa do convidado. Ninguém falou nada. Não tinha explicação alguma. Ele engatilhou, hesitou por um momento e, por fim, tirou a camisa, abaixou as calças, largou a arma e disse:
-Chega pra lá.
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