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Breve olhar sobre a obra do escritor Gabriel Garcia Marqués.
Breve olhar.,,
lathea

Resumo:
Uma ligeira analise em relaçao o Livro Memorias de Minhas Putas Tristes.

Breve olhar sobre a obra de Gabriel Garcia Marques, livro Memórias de Minhas Putas Tristes.

     O livro começa com uma avaliação precisa do fardo ao envelhecer. A coisa tem que ser feita antes que seja tarde. - Quando ele diz; Na minha idade cada dia é um ano. Uma tristeza que é quase solidão estabelece seus desejos, que são, sem entusiasmo, racional e melancólico.
Parágrafo; Moro..., onde passei todos os dias de minha vida, sem mulher, nem fortuna. O jeito que a vida se apresenta para ele.
     Parágrafo - Ignoro por completo as leis da composição dramática, e se embarquei nessa missão é porque confio na luz do muito que li pela vida fora. Sou da raça sem méritos e sem brilho. Confessa-se um bom leitor, por isso, tanto faz as leis. E o fato de ser sem mérito e sem brilho, torna-o muito mais consistente. É essa causa solitária que ele toma pra si, para trilhar o caminho.
- G.Garcia; fazia anos que estava na santa paz com meu corpo, dedicado à leitura diária dos meus clássicos. Não existe nada mais sério e solitário ao se dedicar à leitura, ainda mais, a literatura clássica.
     Parágrafo - O desejo que era tão urgente, como um recado de deus. Por mais que esteja adestrado pra vida, existe sempre o arrebatamento do desejo; trava-se a luta do rochedo contra o mar.
     Parágrafo - Nunca me deitei com mulher alguma sem pagar. Surpreendente falta de apego ou sentimentos conjugais, o desejo e como ele deve ser tratado. – G. Garcia; tinha minha própria ética. Sua ética não era perversão, só tratava as questões sexuais como uma necessidade comum, sem enfeites e sem rodeios.
     Parágrafo – minha vida pública carecia de interesses; misérias da vida extraviada, uma lama perdida que havia começado mal. No dia que ele escreveu a primeira crônica. Como vingança da vida sedentária do escritório, descreve o cotidiano sem sentido de sua cidade, críticas austeras. É o que consolida o bom escritor e o cronista, às vezes exagerando um pouco. Mais nada se compara a sua vida de verdade, como ele mesmo narra – quando dormia no bairro chinês duas ou três vezes por semana, com variadas mulheres. Ou seja, na companhia de suas putas tristes.
     Parágrafo – chega seu aniversário de noventa anos. - Por medo ou por deboche, ninguém se arrisca a fazer um discurso de aniversário. Pedira demissão do jornal onde era cronista – diz ele; e finalmente a salvo de uma servidão que me mantinha subjugado desde meus treze anos e com fim o veneno mortal estava uma panorâmica dos funcionários assinalando fotos, os quer iam morrendo através dos anos – ele dizia ao chefe, que tinha achado uma crônica magnífica, em relação à velhice; o fato que ele chamaria de morte civil! E mesmo sendo um intelectual excêntrico, frio e calculista. Desse momento em diante, passa por seu coração uma emoção, melancolia, choro e lembrança; mais não uma lembrança precisa e pessoal.
     Parágrafo – direcionando-o para o gozo, que ilógico, é maior que uma vida normal de repartição de jornal. Ximena que foi sua única tentativa de casamento, mesmo que apoiado pela família, sendo mais exato, pela moral e os bons costumes – diz ele; então chorei por ela e por mim, e rezei de coração para não me encontrar com ela mais em meus dias, algum santo me ouviu em parte, pois Ximena Ortiz foi-se embora do país naquela noite e só voltou vinte anos depois e bem casada, e com sete filhos que podiam ter sido meus – G. Garcia; aquém me pergunta repondo sempre com a verdade, as putas não me deram tempo para casar.
     Parágrafo – nunca me apaixonei, diz ele a Damiana – pois eu sim disse Damiana, e você agora serve nem para consolo diz ela – seu desejo que chega aos cem disse ela. Então ele prostara a escrever suas crônicas, que mais significa um ato de solidão e resignaçao.
     Parágrafo – de minha natureza descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência, que pareço sereno para encobrir minha mesquinhez, que faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir as minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Uma auto-análise perfeita de um escritor brilhante, o que posso deduzir dessa magnífica obra, uma beleza de parágrafo.
     Parágrafo – descobri em fim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco. Virei outro, tratei de reler os clássicos que mandaram ler na adolescência. Mergulhei nas letras românticas que tanto repudiei - como ele mesmo diz; estou louco de amor, poderia ser isso um hino ao amor. Isso tudo e desencadeado pela menina, a virgem de quatorze anos, que ele se dá de presente no seu aniversário.
     Parágrafo – o quadro da monja, significando sua saída do claustro, e de volta as perturbações dos sentimentos amorosos. O gato seria Degaldina com seus passos tênue? Seria uma menina virgem e com quatorze anos Degaldina? Ou apenas lembranças de um velho senil e de suas putas tristes? Referindo-se as mais novas. Alguma menina que ele talvez tenha se apaixonado na adolescência, quem sabe?
     Parágrafo – o sexo é o consolo que agente tem quando o amor não nos alcança. Parece que essa frase define o escritor, o que ele pensa do amor ou pensava...
     Parágrafo – levei também um desenho de Cecília Parras, que se chamava Bomos a Lá Espera. O livro de contos de Álvaro Cepela. Levei os seis volumes de Ruam Cristóbal, de Ramain Rolland. Arrumando o quarto para Degaldina, para quando ela voltasse, poderia se dedicar à leitura e a arte. O fato de estar apaixonado o leva achar, que a menina ira se interessar por leitura e arte.
– G. Garcia; Mostrou-me nos fundos do armazém a bicicleta que Degaldina usava, e de fato me pareceu um ferro-velho indigno de uma mulher tão bem amada. Logo depois ele escreve um conto que se chama A Bicicleta, isso aos noventa anos.
Parágrafo - Seu sono tinha diversos graus de profundidade segundo seu interesse pela leitura. No entanto me comoveu com prova tangível de que Degaldina existia na vida real...? – G. Garcia; comecei ler para ela O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry, um autor francês que o mundo admira, mas que os franceses.
     Parágrafo – o gato ficou doente no posto de saúde disseram que o gato tinha de ser sacrificado – G. Garcia; será que eu também seria sacrificado por velhice. Logo a crônica, será um gato um tigre de salão?
     Parágrafo – o porteiro, quanto tempo trabalha no jornal?
     - G. Garcia, quase um século!
     Então ele retoma as coisas que nunca lhe fizeram falta, o apego às pessoas, os bichos... – G. Garcia; tenho uma química ruim com os animais, do mesmo jeito com as crianças assim que começam a falar acho que são mudos de alma, não os odeio, mas não consigo suportá-los porque não aprendi a negociar com eles!
Quando ganha um gato de representante de seus amigos repartição. O gato vai representar certas passagens do livro. Ao acordar depois de estar com Degaldina, vê no espelho escrito com batom – o tigre não come longe. É surpreendente como G. Garcia estudava seu gato como estudou latim, e para nosso espanto, o gato também era velho.
     Parágrafo – sua ligação coma literatura é tão intensa, que é possuído por uma força e uma determinação que nunca teve nunca em nenhuma idade ou por causa alguma – G. Garcia; recolheu as soleiras de sua biblioteca, que começavam inundar o lado direito, que ele correu para resgatar os autores gregos e latinos que viviam por aqueles lados.
     Um fato curioso à vivência de sentimentos que se mistura com a literatura, que não esta em nenhum tempo compreensível, sua lembrança de velho, às vezes inventa coisas de uma lembrança não exata, atemporal. Minha única explicação é que da mesma forma que os fatos reais são esquecidos, também alguns que nunca aconteceram podem vir à tona na lembrança, como se estivessem acontecido – G. Garcia; não me via sozinho na casa, mas sempre acompanhado de Degaldina, sentia o rumor de seu respirar, e a pulsão de sua face, no travesseiro. No escabelo da biblioteca a recordava desperta com seu vestido de flores, recebendo os livros para colo calos a salvo. - G. Garcia; recordava como preparou no dia seguinte o café da manha que nunca houve, e que pôs a mesa enquanto secava o chão punha ordem no naufrágio da casa.
     - G. Garcia; porque você me conheceu tão velho? A idade não é o que agente tem, mas o que a gente sente! – G. Garcia; desde então tive a memória com tamanha nitidez que fazia dela o que queria. E a vestia para idade e a condição que vinham as minhas mudanças de humor. Noviça apaixonada, puta de salão aos quarenta, rainha da babilônia aos setenta, santa aos cem. Hoje sei que não foi uma alucinação, e sim um milagre a mais do primeiro amor da minha vida aos noventa anos.
     Parágrafo – G. Garcia; Rosa Cabarcas não conseguia entender que eu tivesse tomado a passar a noite com a menina sem tocá-la. – G. Garcia; antes de me deitar arrumei à cômoda, pus o ventilador novo no lugar onde ela pudesse ver da cama. Deitei-me ao seu lado e a reconheci palmo a palmo. Era a mesma que andava pela minha casa, as mesmas mãos que me reconheciam as apalpadelas na escuridão os mesmos pés de passos tênues que confundiam com os do gato, o mesmo cheiro de suor de meus lençóis, o dedo do dedal; incrível, vendo-a e tocando-a em carne e osso, me pareciam menos real que minhas lembranças. O problema do tempo e a memória, junto à realidade e o sonho.
     Parágrafo – o quadro pintado pelo melhor bailarino do bordel. Pintor acha eu, que nunca existiu. A mulher pintada representa uma monja que ele seqüestrou de um convento e com quem se casou. Senti uma vontade mundana do escritor de sair do seu mundo lógico e ingressar no mundo do desejo. E sendo assim, Garcia deixa o quadro no quarto em que dormia com Degaldina, para que fosse a primeira coisa que visse ao acordar – G.Garcia; antes de ir embora ao amanhecer, desenhei num papel as linhas de sua mão e dei para Diva Sahibí ler e conhecer sua alma. O amor tomando conta de seu ser e o trasformando por inteiro aquele escritor.
     Parágrafo – reogarnizei a biblioteca, na ordem em que os livros tinham sido lidos – fiquei a beira da ruína, mas bem compensado pelo milagre de estar vivo na minha idade, eu já diria nessa dificuldade. Um bom relato sobre a velhice, magníficos aforismos ao decorrer o livro.
     Parágrafo – esse amor por Degaldina o fazia renascer, até fazer coisas que duvidaria no passado. – G. Garcia; A casa renascia de suas cinzas e eu navegava no amor de Degaldina como uma felicidade que jamais conhecia em minha vida anterior. Graças a ela enfrentei pela primeira vez meus noventa anos.
– G. Garcia; descobri que minhas obsessões por cada coisa em seu lugar, cada assunto, em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Já sabemos que a natureza é um problema, às vezes boa, às vezes de lascar!
     Parágrafo – o gato na escadaria do portão estava sujo e maltratado, e uma mansidão de dar dó. O gato e ele às vezes assemelham-se no sofrimento e no amor – G. Garcia; naquela noite de regresso para a casa sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas eu mesmo velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. - G.Garcia; havia achado, sempre, que morrer não era outra coisa além da licença poética.
     Parágrafo – o dia todo dando cabeçada por causa da sonolência que não servia para dormir. – conselho de Casilda Armenta; então vá correndo procurar essa pobre criatura mesmo que seja verdade o que dizem os seus ciúmes, não importa, o que você viveu ninguém rouba. Mais, isso sim, sem romantismo de avô. Acorde a menina, fode ela até pelas orelhas com essa pica de burro com que o diabo premiou você pela sua covardia e mesquinhez. De verdade, termina ela com a alma e não vá morrer sem experimentar a maravilha de trepar com amor... Sem comentários foi um ótimo conselho.
     Não se resume tudo com sexo, mas com certa beleza inventada ou vivida pelo autor. Um livro como esse ainda tem muito que nos surpreender. Um tratado filosófico em relação à velhice, de arrepiar até quem não é muito velho assim. Um relato despojado da velhice sem pieguice. Tudo que escutamos até hoje sobre ser velho é ultrapassado. Esse livro apesar do amor impossível do escritor, sua intelectualidade posta à prova diante do desejo, ainda dialoga honestamente com a questão do velho e do homem.
     Parágrafo – encontrei cara a cara com Ximena Ortiz. Então percebi que aquilo tudo também era uma jogada do destino. - sonhei durante anos com esse momento, disse a ela – ela pareceu entender. - não me diga; e você quem é? – não soube jamais se na verdade ela havia esquecido ou se foi à vingança final de sua vida.
     Parágrafo – a certeza de ser natural, em todo caso, me havia surpreendido pouco antes dos meus cinqüenta anos. Foi como um oráculo brutal ao ouvido – faça o que você fizer, neste ano ou em cem, você estará morto para sempre e jamais desde então comecei a medir vida pelos anos, mas pelas décadas. – a dos cinqüenta havia sido decisivo porque tomei consciência de que quase todo mundo era, mas moço que eu. – a dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que só não sobrarva tempo para me enganar.
     Com doze anos o autor conheceu o puteiro, um casarão, onde passeava as mulheres que vendiam barato seus corpos até o amanhecer se moviam pela casa. Já nesse depoimento que é claro uma reflexão.
Parágrafo – preparado naquela noite para tudo; deitei-me de barriga para cima a véspera da dor final no primeiro instante de meus noventa anos. Então apaguei a luz com o último suspiro, entrelacei meus dedos com o dela, contei doze badaladas finais, até que os galos começaram a cantar, e em seguida o repicar dos sinos de glória, os foguetes de festa que celeravam o júbilo de haver sobrevivido são e salvo aos meus noventa anos.
     Parágrafo – o gato redivivo enroscou a cauda em meus tornozelos e continuou caminhando comigo até minha mesa de escrever. Era em fim a vida real, com meu coração a salvo, e condenado a morrer de bom amor na agonia feliz de qualquer dia depois dos meus cem anos.
     A uma poética entre a velhice e o amor tardio que traz para o convívio de seu sentimento, uma menina virgem e linda, sua Degaldina. Mesmo não sabendo a dimensão desse relacionamento, se foi um relato verídico ou literário. O fato é que Degaldina se torna uma mulher alma, porque emprego esse termo; quando ele leva as linhas de sua mão, para saber como seria a alma dela, onde aí, ele faz a união de várias mulheres, os amores que passaram por sua vida.
     A velhice lhe traz uma coisa boa, amolecendo o seu coração dando um espaço para desenvolver um tipo de amor, uma compaixão um apaziguamento com sigo mesmo. Que traz a memória que relaxa sua inerente rigidez diante da vida. Na existência não existe final feliz, não como contam os filmes românticos, o que existe é a vida, e essa luta constante. O dialogo existencial coerente que trata a solidão como fato e não castigo é para qualquer escritor uma dádiva da arte, da literatura. No caso de Gabriel Garcia Márques solidão, amor, leitura são substâncias para se fazer arte. Para criar um mundo maravilhoso, e também questionado, fazendo com que todos se deparem com a vida e o sonho. Uma riqueza de texto inesquecível e profundo.
Brilhante obra; estou em êxtase!
Ass, Lathea
     
     
     



Biografia:
escritor amador
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