Se não pude fazer outrora,
faço agora...
Te beijo mas não te traio,
apenas afago teus ombros e me digo irmão de vida,
caminhamos juntos até a beira da cisterna
onde jogaremos nossas vozes à procura do sol,
falaremos nossas poesias cheias de pérolas e dívidas,
poderemos pagar nossos pecados com nossas virtudes...
Ontem minha casa estava fechada e escutei teus passos,
minhas portas tinham travas de espíritos,
anjos dormiam e eu não podia acordá-los...
Hoje é um dia diferente,
tenho os lábios despregados e a música escapa pelos poros,
canto a canção dos quer povoam a terra com olores,
voam os anjos de ontem com os sonhos de hoje...
Se o mundo é este com o qual falamos abertamente,
escutem os que dormem dentro dos canhões,
os que bocejam diante dos botões dos mísseis,
o que chamamos de nunca mais espera por nós
sentado diante da taberna onde bebemos o vinho,
as tabuletas sofrem com a ventania
e nós, pastores de nossas almas,
procuramos um lugar seguro
para guardar nossas ovelhas...
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