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LIRA MUDA_SE RUA VITOR ALVES
Donária Salomon

LIRA MUDA_SE< RUA VITOR ALVES
No final do ano de 1973 muda-se para Rua Victor Alves 2006, a mesma onde residia à amiga Raquel. A casa era simpática, menor que a meia água, porém melhor, apesar de não ter quintal, a segunda casa a contar da entrada da avenida de longo corredor onde perfilavam cinco casas de boa estrutura, laje, telhado de telha francesa, varanda de cerâmica vermelha, azulejo na cor azul até a metade da parede, o parapeito e as soleiras revestidas de pedra mármore, a sala e o quarto com piso de madeira em forma de taco impermeabilizado com sinteco, o banheiro seguia a linha da varanda com sanitários de qualidade e grande erro de construção na colocação do vaso sanitário, instalado dentro do boxe, abria-se o chuveiro e o vaso também tomava banho. Lira aproveitou, sentava-se nele para dar banho nos meninos com o chuveirinho. A cozinha era um pouco apertada, no entanto ajeitou-se como pode. Na área de serviço, um tanque grande na extensão, porém baixo demais, no final da lavagem das roupas sempre estava com a coxa marcada de forçar na beirada do tanque. Certa vez perguntou às vizinhas como eram os tanques e todas que ali estavam reunidas deram uma gostosa gargalhada, explicando que era construção de português. Lira constatou que todas as vizinhas tinham marcas profundas nas coxas. Então perguntou sobre o vaso dentro do boxe, o que gerou uma algazarra, então ficou sabendo que só a sua casa possuía essa anomalia. Quanto ao tanque resolveu que não ia ficar com a perna marcada, e coincidência ou não nesta ocasião houve um incêndio na fábrica de espuma de poliuretano e muita gente pegou pedaços de tamanhos variados, a maioria pegava enormes pedaços que davam até para fazer colchão sem nenhuma emenda para cama de casal, travesseiros e almofadas. O transporte era feito em bicicletas, carroças, caminhões e até nos ombros. Foi um verdadeiro festival de espumas e Lira teve vontade de acompanhar as vizinhas que sorridentes a convidaram para irem até a fábrica pegar espumas, receosas, preferiu não arriscar. Ficou esperando a volta das vizinhas enquanto ninava o filho de sete meses e o de quatro anos que no momento andava no seu carro de bombeiro por toda extensão do corredor. Quando as vizinhas chegaram com aqueles feixes de espumas enroladas. Fazendo a maior algazarra:
_Viu quanta espuma? Você não quis ir com a gente.                                                       
– Eu queria, mas com os dois meninos não ia dar. Olha está caindo espuma.                  
_ Não tem importância, fica pra você, se quiser mais é só falar.                          
Depois de lavar o pedaço de espuma fez uma espécie de almofada pra colocar na coxa quando lavasse roupas. A idéia da coxa-eira caiu no gosto das vizinhas.
Certa tarde o Laurence brincava sentado no tapete da sala, Lira deixou-o sozinho e foi até a cozinha, de repente ouviu a estante de panelas balançarem. Lira que estava de costas virou-se qual foi sua surpresa, ao ver aqueles olhos brilhantes e o sorriso largo no rosto do pequeno. Extasiada pelo acontecimento só pensava como isso aconteceu se o menino acabara de completar sete meses, não engatinhava, só andava segurando na grade do berço, agora estava ali, diante de seus olhos, radiante em ver os primeiros passos da criança.   Quando completou oito meses Lira engravidou pela terceira vez, de pronto estava explicado o porquê de ele ter andado tão cedo. Ele não perdeu o colo, ela não se intimidou, estava comemorando seus vinte quatro anos de idade, ainda no embalo do Hei, Hei, Hei, dançava e cantava pela casa: _ Não tem nada não, ter filhos é muito bom... O casal está esbanjando hormônios, de que vale tanto amor e saúde se não tiver a quem dividir? Tranqüila, sem maiores conseqüências, estranhou apenas as vontades, como, por exemplo, tomar sorvete na noite chuvosa. Achou esquisito, pois não gostava tanto assim. O Sílvio achando que ela não fosse tomar o sorvete depois que ele fosse comprar, perguntou várias vezes: _Vou buscar ou não Vou? Ele achava que ela tinha plenos direitos, com toda certeza, de sentir esses tipos de desejos. Mas estava chovendo. Então ela perguntou: _Você também quer?_Lógico! Quem não quer. Vou perder essa!...
Lira ficou sabendo que a última casa seria desocupada, imediatamente telefonou estreando o telefone que há dois anos seu marido pagava e a Cetel acabava de instalar, falou com o Seu Salgado, o senhorio, que precisava da casa cinco porque tinha dois filhos e estava esperando o terceiro. Então ele perguntou:
_Quem é você?
_ Sou Lira, esposa do Sílvio, aquele que tem um Corcel. Moramos na segunda casa.
_ Não está boa?
_ Está, mas preciso de dois quartos.
Mas a casa cinco está ocupada.
_ Eu sei, mas ela vai desocupar por esses dias. Quero ter certeza de que o senhor vai nos dar preferência.
Depois de ouvir que estava tudo bem, se tranqüilizou


Biografia:
Ainda não tenho.
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