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LIRA DISCUTE COM O IRMÂO
Donária Salomon

Quando Norival soube do acontecido entrou em casa chamando por Lira que estava sentada na cozinha. Foi logo dizendo:
_E aí mocinha!
Lira ouviu, mas não disse nada. O irmão ajeitou o macacão, depois enfiou as mãos no bolso fitando-a com ar severo.
_O que foi? Porque está me olhando tanto? Já terminou seu dia de trabalho?
_ Não! Disse ele com imenso sarcasmo, orgulhoso de si. Era evidente que já estava informado sobre os acontecimentos, sem sombra de dúvidas. Lira continuou a esperar, sabia que o irmão tinha alguma coisa a dizer. Houve uma pausa, depois Norival abandonou a carranca, franziu a testa numa expressão de dor e agressividade.          
_Que diabos andou fazendo? Pensa que é dona de sua vida?
_Não fiz nada que todo mundo não faça. Aconteceu e pronto!
_Se alguém se matar você se mata também?     
_Eu tenho o direito de fazer da minha vida o que bem quiser.
_Não tem não! Você conseguiu pura e simplesmente jogar todos nós na lama.
_Eu decido minha vida. Disse Lira bruscamente, fazendo menção de afastar-se.
_Espere um instante! Gritou o irmão. _ Ainda não acabei de falar. Sempre achei que você não ia nos causar desgostos, feito essas meninas que se tornaram públicas, todos vão falar. “Sabe quem está nas paradas?” Fulana “. Lira examinou -o atentamente e berrou”:
_Você não passa de um moralista nojento, só falta dizer que não tem lugar nesta casa para gente igual a mim, vai p’ra rua que é o seu lugar! Não é assim que todos falam? _ Com tom de deboche, mas com certa raiva falou umas verdades para o irmão e entregou-se a enorme satisfação de observar o rosto dele, depois virou -se com um sorriso de quem venceu, foi para o fogão e começou a preparar automaticamente o almoço, deixando o irmão de cabeça baixa, olho fixo no chão.
A atitude que Lira assumira era de firmeza. Que fizessem o que quisessem, mas ela sairia daquele beco, aparentemente, sem saída, sairia de um jeito ou de outro. Sabia que nem tudo estava perdido, ter um filho do homem que amava... Não haveria razão maior para lutar, finalmente uma coisa só sua.          
Norival engoliu rapidamente a comida e saiu para o quarto. Sentou-se na beira de sua cama e com uma expressão sombria ficou olhando paralisado pela janela. O que estava acontecendo? Não podia haver a menor dúvida de que era verdade o que a cunhada havia lhe falado, mas nada podia fazer. No silêncio opressivo ele foi despertado pela voz calma e firme de Lira:
_ Vocês possuem uma estranha noção de valores. Casada ou não eu sou do sexo feminino. Por tanto... Mamãe também não se casou e teve dez filhos de nosso pai que fora casado e separado anteriormente. Deixa de ser atrasado. Será que não percebe que estamos na década de sessenta? E além do mais vou me casar no sábado. Lira saiu do quarto na esperança de o tê-lo convencido. Ele ficou sentado na cama pensando por um longo tempo. Finalmente deitou-se e fechou os olhos, sentia-se exausto como se precisasse dormir a qualquer preço.
À tarde já chegava ao fim quando acordou. Suspirou, levantou-se, pegou a bicicleta, escutou a voz de Lira quando saía no portão, dizendo:
_ Pensei que fosse emendar o dia com a noite. Sem dar resposta o rapaz seguiu em frente, precisava ajudar o pai fechar o armazém...


Biografia:
Ainda não tenho.
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