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LIRA E O CAMINHO DO RIO
Donária Salomon

A Mudança para o Sítio do Caminho do Rio





Finalmente chegou o dia da mudança para o Caminho do Rio. A família se despede de Thereza e segue para o seu novo lar.
O ar estava fresco nesta manhã, a menina sentia um friozinho que entrava na trama fina do tecido do seu vestido, corre na frente, está feliz em companhia de seus pais que vão conversando até o ponto do lotação. Quando chegaram em Campo Grande Lira teve medo do trem, segurou firme nas calças do seu pai que a colocou no colo. Depois que o trem passou atravessaram a passagem de nível, a praça seguindo em direção ao mercado São Brás, que desde cedo abre seus grandes portões de madeira para que os fregueses possam chegar até as quitandas, os hortifrutigranjeiros... Depois de fazer as compras voltaram a praça e no Ponto Chique tomaram o bonde que os levaria à casa de Antõnio um dos filhos. Quando desceram a rua, Lira pisou no tapete de areia da estrada, sorriu com suas “janelinhas” que o Mourão não fechou, vai demorar o trabalho do qual a natureza o encarregou. O pai adverte: “Aproveita Lira este tapete de areia, massageia seus pés. Isso! Um xixi pra celebrar. Aproveita, anda, corre, dança. Não pode! A trouxa está pesada? Compreendo. Vai mais devagar. Não pode? Tem medo de ficar para trás, não tenha medo o papai te espera...!”.
Após a conversa com a nora Izaide e conhecer o neto Toninho, os avós certificaram que estava tudo bem, Seu Vicente saiu avisado que voltaria logo ia rever os amigos e saber como estava o comércio por ali. Quando voltou trouxe-se novidade, Na procura de um lugar para instalar a família seu Vicente aceitou convite de um velho amigo o de morar provisoriamente num ranchinho na beira do rio que separa o Aterrado do Rio e Santa Clara.
   Antônio já o esperava para jantar, Lira dormia com o sobrinho Toninho, Norival ouvia o rádio e Dona Isabel conversava com Izaide. Antônio prometeu providenciar um pequeno sítio para os pais e irmãos.
Descansaram aquela noite, no dia seguinte foram pequena repara o ranchinho, atravessaram a pequena ponte e lá estava a casinha de barro, coberta por sapé entre o rio barrento e uma imensidão de pasto, água só do rio onde urubus comiam a carcaça de um boi. Como era de se esperar Dona Isabel deu seu veredicto: _Vamos voltar pra casa do Antônio. No caminho de volta encontraram o amigo Calan que logo após saber da necessidade de uma morada, se prontificou em voltar levando-os até um morada vazia nos fundos de sua casa. E lá precariamente se instalaram, havia água de poço e a família solidária do amigo Calan em poucas horas tampou com barro os buracos das paredes. Ali em poucos dias seu Vicente recomeçou o trabalho antigo de ambulante, no carrinho de mão foi tripeiro vendendo miúdos de boi que comprava no matadouro em Santa Cruz, para a sobrevivência, Dias depois foram morar na casa do sítio da pedreira pertencente ao conhecido senhor Pimenta lá no final de uma estradinha sombreada, parecia um túnel formado pela vegetação. Logo adiante havia um grande veio de barro banco que mais a frente o rio serpenteando todo Aterrado do Rio.
Por pouco tempo moraram ali. Antônio comprou um pequeno sítio na entrada daquela mesma rua, Satisfeitos por terem o seu próprio sítio. Mudaram-se.
Depois de entrarem na casa, parece que gostaram. Foi explicado que hoje se ajeitariam do jeito que pudessem, no dia seguinte começariam a arrumar melhor. Quando a noite chegou fizeram uma pequena refeição. O melhor é dormir para descansar diz o pai. Assim fizeram.
Antes de o Sol nascer, antes mesmo do sinal dos passarinhos, o pai vira-se na esteira, pigarreia, abre os olhos e a primeira claridade que vê é da Lua que entra pelo buraco da telha quebrada. Nessa altura o pai de Lira levanta-se a tateando no chão para não pisar na esteira vizinha. A mulher pergunta sonolenta:
_ É você, Vicente?
Depois de receber uma batidinha como sinal, enrosca-se e volta a dormir com o rosto meio coberto “Seu” Vicente não tem que mudar de roupa dormiu com a calça de todos os dias. Já de pé dá uma olhada nas crianças que roncam na esteira junto à porta. Sente um cheiro forte de urina, pensa “Lira molhou de novo”. Jogou outro saco encima dela para aquecê-la. Vai até a cozinha, abre a porta, pega o caneco, caminha até o poço, sacode a água, enche o caneco, lava o rosto e a boca, satisfeito com a fonte da vida trás um pouco para o fogão de barro da cozinha. Pega o machado, repica uns gravetos, coloca-os no fogão e respinga sobre eles algumas gotas de querosene que tira da lamparina, risca um fósforo e ateia fogo e logo depois insere algumas achas de lenha que foram esquecidas em baixo do fogão e logo se via estalar as labaredas, e a gata que amamentava seus filhotes se assusta, então ele passa o café e toma um bom gole.
Põe-se a picar o fumo na palma da mão, enche o cachimbo, pega o tição e ateia fogo ao fumo, dá a primeira cachimbada encostado no portal da cozinha, de onde pode olhar o quintal e pitar sossegado, vendo o nascer do Sol...    


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