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O cortejo
Prof. José Luiz Barbosa

Resumo:
uma pequena estoria, acontecida na decada de 70.

O Cortejo.

     Meu avô contava de muitos fatos e relatos que aconteciam na fazenda onde ele morava com minha avó, os empregados e outros vizinhos pelas redondezas. Falavam de coisas estranhas, acontecidos esquisitos e fantasmagóricos que assustavam a população local daquela pequena zona rural, ao qual eu gostava tanto de passar as minhas férias de ginásio escolar. Numa noite fria e iluminada pelo luar, nós sentamos ao redor da fogueira, no oitão de casa e fazíamos aquela roda para ouvir histórias e fatos intrigantes do local, contadas pelos empregados da fazenda, pelo meu avô e pelos vizinhos. Passado alguns dias, logo de manhãzinha, ouvi meu avô conversar com um dos empregados, sobre um acontecimento nada animador, acontecido na noite anterior. Eu fiquei no canto do corredor da casa grande e pude ouvir toda a conversa. Foi de arrepiar os cabelos. O empregado estava parecendo que viu o diabo em pessoa, tremendo no falar e os olhos arregalados de espanto.

- ...Pois foi seu doutor. Era um cortejo de um morto quaiquer. Um caixão bem grande, levado por 4 seres do outro mundo. Eles se parecia com frade, usava as mesma roupa. Eles tumbém carregava tochas acesas, pra crariar a istrada no meio da noite. Doutor, eu fiquei com tanto medo que quase o jantar saía mais rápido pelas calças. Deu um pinote que nem me alembrei da cerca. Era o “demo” doutor, que ia levando alrguém pro inferno.

- Que demônio o quê! Que conversa doida “Chico”! Mas, que essa estória ta esquisita, tá. E os vizinhos, também virão isso?

- Oxente! E quem teve coragem de oiá? Um medo medonho! – Todo mundo bateu as portas e as janelas. Acenderam tudo quanto era de vela dentro de casa pra rezar. Dona Severina, a viúva do velho “Bernardino”, que DEUS o tenha, disse que eles passaram na istrada, falando umas cantorias istranha, com umas vozes meia rouca. Ta todo mundo com um medo medonho doutor!

-Mas que marmota é essa? Será possível que....

     ...e eles saíram a conversar para a cozinha. Até eu fiquei com medo, mas curioso em saber que coisas eram aquelas que estavam passando na estrada pela madrugada. Lá pras 20 horas da noite, do mesmo dia, meu avô chamou os homens de coragem do local pra casa dele, para terem uma conversa diferente. Vieram cerca de uns 20 homens e trataram de tucaiar o tal cortejo na curva do pau-que-zoa, na beira da estrada, dentro do mato. O combinado foi de não falarem pra ninguém do trato e voltariam a se encontrar às 23 horas daquela mesma noite. Eu fiquei com dor de barriga só de curiosidade. Na tal hora combinada, os homens surgiram no oitão da casa. Cada um armado até os dentes, como podia. Tinha de tudo. Espingarda, revolver, carabina, chibanca, picareta, enxada, foice...Parecia uma revolução. Meu avô falou poucas palavras e baixinho e seguiram todos em silêncio e meu avô na frente clareando o caminho com a lanterna na mão. Chegamos na curva do pau-que-zoa e cada um já sabia o que fazer. Todos correram pra dentro do mato e ficamos a espera do tal cortejo. De repente, na calada da noite, nem os grilos estavam cantando, vinha aquele movimento pela estrada. Quatro tochas acessas e bem altas clareando a estrada como se fosse o dia. Quatro seres vestidos como monges e de cabeças baixas segurando o tal caixão. Pareciam estar urrando algo, pois as palavras ninguém entendia nada. Todos aflitos e ansiosos, esperando o sinal estratégico do meu avô na hora certa. No momento tão esperado, todos pularam em direção ao cortejo, cercando-o. Foi um pandemônio daqueles. O primeiro da fila, só com susto, saiu numa disparada que nem bala pegava. Sobrou pros três que ficaram. Sem saber o estava acontecendo, nem largaram o tal caixão no chão de tanto medo. Meu avô se aproximou com a tocha que clareou o ambiente e viram a realidade de perto.

- Vamos ver que marmota é essa e agora. Soltem esse caixão no chão! – berrou meu avô com fúria.

     Mas do que sincronizado, os três “monges” largaram o caixão no chão. Isso fez com que a tampa do caixão se escancarasse imediatamente. Meu avô se aproximou com cuidado, e com a tocha, clareou o interior do caixão e viu. Era café... e da melhor qualidade.

José Luiz Barbosa Júnior


Biografia:
...A leitura ajuda a transformar fantasia em cultura!!!
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Contos O cortejo Prof. José Luiz Barbosa


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