Lira e a Galinha de Papel
Durante a noite, Lira passeou numa espécie de carro, (vou dizer a grosso modo, que fosse parecido com o da montanha russa), no entanto esse era todo acolchoado, e viajou no ar, passou entre as nuvens, sua viatura no escuro parecia um rastro de luz, continuou a viajem mesmo porque não estava dirigindo com pressa e não havia ninguém com ela, até que começou a esquentar, não sabia que estava chegando perto do sol. Então naquela quenturinha começou a lembrar que havia uma bacia no quintal e banhou os pés, por causa da frieira, com água e cinza do borralho do fogão onde também assava o pão. Um papel com o vento voou e na bacia assentou. o Papel se molhou e o sol quase o secou. Ela juntou a pasta de papel úmida e a bacia ficou limpinha, então fez uma bola. Saiu com a bola girando nas mãos, virou um pão, depois bateu palmas e o pão virou uma pataca. Quando fechou a mão à massa saiu pelo dedão, segurou a com as duas mãos, foi andando pelo quintal e a massa foi esticando, surgiram os braços, continuou andando com a massa pendurada pelos braços, depois a estendeu encima da pedra pro Sol secar. Sentou-se à sombra a esperar. O sol se fechou e o dia escuro ficou. Distraiu-se. Quando olhou, a massa havia sumido. A marca molhada na pedra ficou, mas o Sol logo voltou e a marca apagou. O Sol se despediu deixando a tarde em seu lugar. A tarde ficou esperando a noite. Triste Lira deitou-se no lugar da massa, ali mesmo na pedra, pesando, olhando pro céu. Foi andando no céu pra ver se achava, passou por várias estrelas, mas não perguntou nada, sabia que nenhuma estava na hora que sua massa sumiu. Continuou procurando... De longe viu a lua. Chegou perto dela e o seu carro passou deslizando bem junto, chegando a encostar sua borda macia no vidro transparente da lua que estava cheia. Resolveu perguntar:
_ Lua luar, se viu minha massa me ajuda encontrar?
A lua responde:
_Ver, confesso. Vi, passou por mim! Mais não sei onde está.
_ Foi o Sol que a secou e o vento carregou.
_ Ah! Então segue por trás de mim que você vai encontrá-lo. Ele há essa hora está esquentando o Oriente.
Aproveitou a carona de uma nuvem, que vinha no escuro em companhia do vento frio, a seguiu e lá longe viu um clarão, correu para chegar mais rápido, e perto encontrou o Sol muito feliz distribuindo seus raios luminosos pra todos os lados, e mais perto dele chegou. Ele ficou com raiva e um imenso escuro se formou. A nuvem saiu correndo dizendo que não podia esperar. Na desculpa foi dizendo:
_Não trouxe óculos, e o raio Ultravioleta do Sol é venenoso para minha visão. Lira sozinha deu um pulo e grudou no aro do Sol, de olhos fechados. Começou a girar, girar...Saiu rodando, rodando... E o vento que ela tanto gostava, foi levando-a de volta, mas o vento tinha que voltar pra atender um chamado. Fez uma manobra, forçada, atirando Lira com toda força no espaço... Caiu com toda força no colchão...
Acordou de bruços segurando a beirada da cama. O Sol clareando todo o quarto, e a sua mãe cantando:
_ Acorda Lira Maria! Levanta vem tomar o café! Que a noite já acabou... E o dia já está de pé!
Contou à mãe que havia caído do aro do Sol. A sua mãe explicou que esses tombos eram para ela crescer... Refazia-se do tombo...
Lembrou da massa, correu para o quintal e lá estava a massa em cima da pedra, levando bicada da galinha carijó. Pegou a massa pelos braços e descobriu que só faltava fazer a cabeça pra virar uma galinha...
|