O brincar é uma das principais linguagens da infância e ocupa papel central no processo de desenvolvimento humano. Mais do que um simples momento de lazer, as brincadeiras possibilitam à criança explorar o mundo, construir significados, expressar sentimentos e desenvolver competências cognitivas, sociais, emocionais e motoras. Nesse contexto, a educação infantil deve reconhecer o brincar como elemento pedagógico essencial e como um direito garantido por lei.
Diversos estudiosos da educação destacaram a importância do brincar no processo de aprendizagem. Para Friedrich Froebel, pioneiro da educação infantil e criador do jardim de infância, a brincadeira é a atividade mais significativa da infância, favorecendo a criatividade e a imaginação. Jean Piaget compreendia o brincar como parte do desenvolvimento cognitivo, em que a criança assimila e acomoda experiências, construindo ativamente seu conhecimento. Já Lev Vigotski enfatizava o aspecto social da brincadeira, considerando-a um espaço de interação que favorece o desenvolvimento de funções psicológicas superiores, especialmente dentro da zona de desenvolvimento proximal.
A brincadeira contribui para múltiplas dimensões do desenvolvimento da criança: estimula a curiosidade, a criatividade e a resolução de problemas; promove cooperação, respeito às regras e empatia; desenvolve a coordenação, a agilidade e a consciência corporal; fortalece a autonomia, a autoestima e a imaginação. Assim, brincar e aprender não são ações opostas, mas complementares e inseparáveis no processo educativo.
O brincar é reconhecido como um direito fundamental. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), em seu artigo 16, assegura à criança o direito ao brincar, ao lazer e à participação em atividades culturais e esportivas. Da mesma forma, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir à criança, com absoluta prioridade, o direito à educação, ao lazer e ao desenvolvimento saudável. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) também reforça esse princípio ao afirmar que as interações e a brincadeira são eixos estruturantes da prática pedagógica na Educação Infantil, fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento integral das crianças.
Valorizar o brincar na educação infantil é compreender que a ludicidade não é apenas um recurso metodológico, mas um direito essencial da criança e um caminho para a formação integral do ser humano. Amparado por referenciais teóricos, pela legislação brasileira e pela BNCC, o brincar se apresenta como prática indispensável para uma educação de qualidade, que prepara indivíduos criativos, críticos e socialmente responsáveis. Afinal, quando uma criança brinca, ela não apenas se diverte, mas também aprende a ser feliz e a ver o mundo com esperança.
|