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O ato de brincar na educação infantil
Palavras-chave brincar: Brincar. Desenvolvimento. Educação infantil.
Paula Fernanda Bernardo da Silva

Resumo:
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o ato de brincar, e suas contribuições no desenvolvimento e aprendizagem na vida da criança. O ato de brincar na Educação Infantil é essencial para o desenvolvimento saudável da criança e para a formação de um indivíduo criativo e crítico. A brincadeira contribui para a experimentação do mundo, a descoberta, a invenção, exercitando o raciocínio, a e criatividade a fim de enriquecer em vários aspectos. O brinquedo tem um papel fundamental no desenvolvimento da identidade e da autonomia. A criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de gestos, sons e de representar determinado papel na brincadeira, desenvolvendo sua imaginação



O ato de brincar, tem papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem do ser humano. Suas contribuições, foram e ainda são, objeto de estudo por muitos teóricos, psicólogos, entre outros profissionais, e pode-se dizer que são muitas, dentre elas, está no aspecto social, cultural, emocional e cognitivo da criança.
Tendo em vista o quanto é basilar o ato de brincar na educação infantil, este, foi o objeto desta pesquisa.
Na educação infantil, essa prática faz parte do tripé Cuidar, Educar e Brincar, as quais podem contribuir de forma eficiente no processo de desenvolvimento integral da criança, onde os momentos tornam-se mais proveitosos e significativos às crianças.   Com   isso, o tempo do Brincar também é momento de aprendizagem, onde o lúdico é explorado, tornando os momentos prazerosos e alegres, o que consecutivamente contribui para o desenvolvimento da criança.
O direito ao brincar é inclusive previsto em lei, tendo em vista os benefícios que traz, pois é através do brincar que a criança desperta suas emoções, aprende a lidar com fatos que interligam seu dia a dia, aprende a lidar com o mundo, recriam, repensam, imitam, experimentam os acontecimentos que lhes deram origem. Favorecendo a autoestima, auxiliando no processo de interação com si mesmo e com o outro, desenvolvem a imaginação, a criatividade, a capacidade motora e o raciocínio.
Um dos principais responsáveis pelo processo ensino-aprendizagem infantil é o professor. Além dos cuidados básicos, que é papel do professor da Educação Infantil, este também é responsável por promover o desenvolvimento cognitivo, físico, estimular atitudes respeitosas por parte das crianças, proporcionar experiências que auxiliam a desenvolver suas capacidades cognitivas, como atenção, memória, raciocínio e o bem-estar. E para isso conta com o auxílio indispensável do lúdico.
   A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a Educação Infantil para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividades lúdicas que deve ser promovida por todos os envolvidos no mundo da criança.

O ato de brincar na infância, promove a descoberta do mundo, a socialização e o desenvolvimento. Durante ele, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos que possibilitem realizar a brincadeira. Nesta perspectiva, deve ser promovida no ambiente escolar em seus diversos significados sendo que todos eles nos passam a ideia de diversão, distração, agitação, faz de conta. A brincadeira é o lúdico em ação. Brincar é importante em todas as fases da vida, mas na infância ele é primordial: não é apenas um entretenimento, mas, também, aprendizagem. A criança, ao brincar, expressa sua linguagem por meio de gestos e atitudes, as quais estão repletas de significados, visto que ela investe sua afetividade nessa atividade. Por isso a brincadeira deve ser encarada como algo sério e que é fundamental para o desenvolvimento infantil.
Alguns professores de Educação Infantil estão preocupados com os repasses dos conteúdos pedagógicos e esquecem que o brincar necessita de um espaço em sua prática, pois é evidente que a brincadeira é essencial para o desenvolvimento da criança. Muitos educadores até entendem teoricamente a importância das brincadeiras, porém não realizam essas atividades na prática, devido à cobrança tanto por parte da escola como dos pais, pelo desenvolvimento da área cognitiva da criança.
“[…] muitos professores têm a ideia de que permitindo o brincar livres ás crianças causarão bagunça, desordem e indisciplina em sala de aula” (HORN, 2007:58).
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a brincadeira está colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a brincadeira é cada vez mais entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo (Branco, 2005; DeVries, 2003; DeVries & Zan, 1998; Tobin, Wu & Davidson, 1989; Vygotsky, 1984, 1987).
Vygotsky (1998), representante da psicologia histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes. Vygotsky fala ainda, que o brinquedo ajudará a desenvolver uma diferenciação entre a ação e o significado. A criança, com o seu evoluir, passa a estabelecer relação entre o seu brincar e a ideia que se tem dele, deixando de ser dependente dos estímulos físicos, ou seja, do ambiente concreto que a rodeia. O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
Conforme Vygotsky (1998, p. 126), “é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não pelo dos incentivos fornecidos pelos objetos externos”. A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação: “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê” (VYGOTSKY, 1998, p. 127). No brincar, a criança consegue separar pensamento (significado de uma palavra) de objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas. Por exemplo: um pedaço de madeira torna-se um boneco. Isso representa uma evolução na maturidade da criança. Através do brincar a criança constrói seus próprios mundos. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Oliveira (1995) esclarece que essa zona de desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em constante transformação, refere-se ao caminho de amadurecimento de suas funções, ou seja, ações que, hoje, a criança desempenha com a ajuda de alguém conseguirá, amanhã, fazer sozinha. Durante o brincar, ela se solta e se permite mais, vai além do comportamento habitual para sua idade e de suas atitudes diárias. Ela se torna maior do que realmente é na realidade. Assim, o brincar vai despertar aprendizagens que se desenvolverão e se tornarão parte das funções psicológicas consolidadas do indivíduo.
Dentre as tantas brincadeiras que pode se desenvolver o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
Carvalho (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.
Kishimoto (2000) defende que a brincadeira e o jogo interferem diretamente no desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos. Kishimoto (1999, p. 110) complementa afirmando que: Nesta linha de pensamento é brincando que a criança aprende a socializar-se com as outras, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade.

Após a realização desta pesquisa fica evidente que as contribuições do ato de brincar na vida da criança é algo crucial, e de igual forma, durante o período da Educação Infantil. Pode-se compreender como se dá o desenvolvimento da criança através do lúdico, que é no brincar que a criança usa a sua imaginação, e é no criar que se brinca com as imagens, símbolos e signos, fazendo uso do próprio potencial, livre e integralmente. Observou se que nem todos, no mundo da criança tem o entendimento do brincar com algo importante, imprescindível, que é inclusive um direito previsto sob a forma da lei. Percebeu-se que alguns pais ainda veem esta questão com receio, e que   ainda falta à sociedade, ao adulto, reconhecer o brincar como elemento básico para um desenvolvimento pleno e saudável das crianças, aquilo que as ajuda a compreender e se relacionar com o meio. Constatou-se que muitos professores até entendem teoricamente a importância das brincadeiras na área cognitiva da criança, porém, devido as cobranças, da escola e até mesmo dos pais, acabam não as pondo em prática. O estudo revelou que é preciso despertar e manter o desejo da criança pelo brincar, assim como de informar à sociedade que o “brincar” não é uma perda de tempo, mas um processo pelo qual a criança deve passar e torna-se imprescindível que a educação infantil esteja comprometida em oferecer à criança o direito de viver experiências plenas, o direito de Brincar, de ser cuidada e respeitada, sendo reconhecida como um ser que necessita viver sua infância de modo intenso e único.

BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Vade mecum acadêmico de direito Rideel. 15.ed. atual. e ampl. São Paulo: Rideel, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.
HORN, Claúdia Inês. Brincar e jogar: Atividades com materiais de baixo custo. Claúdia Inês Horn, Porto Alegre: Mediação, 2007. 72p.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2002.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio- histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo, SP. Martins Fontes Editora LTDA, 1998.
VYGOTSKY, L.S; LURIA, A.R. & LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. Pensamento e linguagem. Lisboa: Edições Antídoto, 1979.







Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Artigos Brincar para Aprender: um Direito na Educação Infantil Paula Fernanda Bernardo da Silva
Artigos O ato de brincar na educação infantil Paula Fernanda Bernardo da Silva


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


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