Os jornais publicaram, semana passada, a foto do encontro do nosso presidente, Laranjito, com o príncipe herdeiro do trono japonês, Naruhito. Laranjito/Naruhito. Respeitem porque foi o Japão quem puxou essa rima.
Perdão, mas foi um encontro sem harmonia. Não combina um presidente zoiúdo, fingindo um não terceiro mandato, e um príncipe de olho apertado. Não, Não... Combina sim, desculpe. Não nos olhos, mas na ganância. Os dois querem ficar nos tronos até a morte.
Mas a verdadeira harmonia vem mesmo é do encontro do príncipe de olhos apertados com o escritor que apertava os olhos. Ambos comemoram 100 anos. Um de chegada, o outro de partida.
Certamente nenhum japonês daquela época, de tão explorados que eram, olha nós também exploramos, vejam Angola, pôde se deslocar de São Paulo para o Rio e participar do enterro de Machado de Assis. E Machado de Assis era japonês. Apertava os olhos como ele mesmo disse em uma de suas crônicas. Confessava-se japonês. Ouçam que todo japonês tem olhos apertados, mas nem todo olho apertado é japonês. E não basta ter os olhos apertados para ver os problemas japoneses da vida. De tanto apertar os olhos Machado de Assis tornou-se japonês por usucapião. Machado era japonês na observação é claro.
Mas deixemos o claro e entremos no escuro porque na mesma semana da chegada do príncipe dos olhos apertados, chegou pelos jornais a notícia de um estudo apertado, precisa ser mais estudado, afirmando que o “Cheiro do café é despertador” e poderá ajudar a criar soluções para amenizar o cansaço dos trabalhadores. Fala-se na criação de um perfume de café.
Sem precisar de pesquisa, conheço um cheiro que tira rapidinho o cansaço dos trabalhadores: é o cheiro do dinheiro.
Reverencio o estudo japonês, mas vejo perigo na pesquisa feita com ratos. Ratos não se apaixonam. Não mandam flores, orquídeas... Não ficam pensando na amada, lembrando da amada por 7 anos. Rato no cio vai lá, pimba! Umas seis vezes e vai embora. Depois, só no ano seguinte.
Ratos distantes de suas fêmeas não pensam nelas ao sentir o cheiro de queijo, pão, salaminho... Eu, sim... Eu sinto. E eis aqui o perigo:
Toda vez que sinto o cheiro do café lembro da Monara. A conclusão de que apenas o cheiro do café pode ser suficiente para despertar a pessoa privada do sono falhará, no meu caso, por exemplo. E já adianto, há muitos apaixonados pelas empresas e fábricas do planeta. Eu migraria de um sono a outro sono. Gostoso, quentinho, ah como Monara é quentinha... Nesse inverno...Hummm! Fiz até um poeminha para ela:
SÍMBOLO
O cheiro do teu corpo sobe costurado
À fumaça do café
E a cada xícara se recusa
A descoser o reencontro
Sei que é ir longe demais, surreal, nesse mundo de bilhões de gente imaginar que milhões tenham no café um símbolo amoroso, mas pode acontecer. Pode acontecer de uma fábrica inteira ter o café como símbolo de uma grande paixão e daí a queda da produção, perdas de dedos, mãos, cabeças... Indenizações! Meu Deus! Os japoneses têm que fazer uma segunda pesquisa auxiliadora daquela: Quantos têm no café o símbolo de um amor.?!
Porque é grande o perigo. Aperte os olhos e veja o responsável de uma bomba atômica tomando café, perto do botão e entrelaçado ao cheiro do café, o cheiro da sua amada, mesmo que não seja japonesinha, mas daquela que aperta os olhos quando o vê. Mire o botão macio como a pele da amada dele e que ele costuma dar umas apertadinhas. Mire o botão macio como a pele da amada dele que ele costuma dar umas apertadinhas.
Admiro Machado de Assis, o café, os japoneses, mas a bomba atômica, não.
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