Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
🔵 A coisa
Rafael da Silva Claro


Chamei o meu amigo. Demorou, mas eu insisti porque a luz acesa denunciava alguma presença. A irmã mais velha dele atendeu. Achei que ele não estava. Engano. Eu havia interrompido uma sessão de retirada de um furúnculo. Eu não poderia perder aquele espetáculo de sofrimento, dor e lágrimas. Não sei se ela percebeu a minha insistência em ficar para a “cirurgia”, mas me convidou para assistir ao resultado. Como já esperava aquilo, fui logo entrando na casa.

O nome era repulsivo como o de uma meleca cósmica. Desconfiando que aquele ferimento não poderia ter surgido nesse planeta, procurei manter uma distância segura, de modo que eu jamais fosse atingido pela infecção que deveria ser interplanetária. Eu mantive a expectativa de assistir a algo comparável a uma ficção científica dos anos 50. Definitivamente, aquela coisa não era humana.

Sobretudo na escola, eu já havia visto braço, perna e outros ossos quebrados, bem como, outras mazelas infantis que temporariamente ausentavam alguém, tipo sarampo, catapora e piolho, mas aquela ameaça alienígena sendo estirpada seria inédito. Juro, eu veria aquilo da arquibancada, com pipoca e refrigerante. Mesmo que aquela coisa não tivesse origem espacial, se eu não visse, duvidaria que aquilo se instalasse no corpo humano e era absolutamente a primeira vez que observava sua extração.

O “bicho” estava alojado nas costas. Sua irmã parecia confiante, como quem sabia o que estava fazendo. A moça apertava como uma espinha, só que muito mais forte. Por algum motivo, ela parecia estar se vingando do pobre irmão. Realmente, aquilo parecia uma sessão de tortura medieval.

O sofrimento dele me convenceu a tomar cuidado para nunca virar um “hospedeiro” daquilo que eu mal sabia o nome. Ver meu amigo chorando de dor parecia imperdível, porém, fiquei impressionado com o que presenciei e agradeci por não ter que passar pelo mesmo.

Fui advertido e me afastei com a iminência de estourar aquela montanha purulenta.

A criatura que havia se apoderado do meu amigo foi eliminada, portanto, o show acabou, e ele foi liberado. Livre daquela desgraça, fomos jogar bola e esquecer que algo tão horrível pudesse existir.




Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
Número de vezes que este texto foi lido: 55755


Outros títulos do mesmo autor

Ensaios 🔴 Salvem o que for mais conveniente Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Parem de se queimar! Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Fogo no parquinho Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Livros para entender o Brasil Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Os cães ladram e a cobra vai fumar Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Suíno nacional Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Nem velozes nem furiosos Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Psychological Operation — Operação Psicológica Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Presidenciáveis na faculdade Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Saudosa maloca Rafael da Silva Claro

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 487.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Oficinas e pessoas - Ana Mello 57605 Visitas
🔵 Mensagem para você - Rafael da Silva Claro 57485 Visitas
RESENHAS JORNAL 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 57439 Visitas
🔵 Vale das sombras - Rafael da Silva Claro 57383 Visitas
Eventos incomuns - Flora Fernweh 57354 Visitas
Experiência com o Positivo Stilo One - Vander Roberto 57327 Visitas
CRISTO TRANGÊNICO - OLHOS VIGILANTES 57305 Visitas
A Magia dos Poemas - Sérgio Simka 57303 Visitas
🔴 A pior propaganda do mundo - Rafael da Silva Claro 57291 Visitas
🔵 Só se vive uma vez - Rafael da Silva Claro 57288 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última