Relembrando meus tempos de estudante de Agronomia, ao reencontrar minha turma de escola de Agronomia, 45 anos depois, pensei em escrever esse texto com os frutos colhidos dessa caminhada.
Em primeiro lugar quero descrever como cheguei ao curso de agronomia: Não era uma pessoas de fazenda, ao contrário era uma pessoa urbana que encontrou grandes momentos acampando com o colegas de adolescência, e com eles pensávamos em viver no campo, trabalhar e curtir a natureza de perto.
Nossa turma, depois de muitos fuminhos e viagens decidiu se separar na vida e cada um tomou seu rumo, fomos para Viçosa.
A escola tinha os estudantes que vinham se preparar para assumir o lugar dos pais nas empresas agrícolas, tinham os estudiosos que queriam continuar as carreiras de professores da família e os podes crer, minha turma, gostávamos de música demais e de curtir o tempo todo, fazíamos a agronomia romântica.
O que era interessante é que apesar de bastante ecológicos incorporamos o sentimento de amor a terra de forma bem respeitosa e harmônica pois visávamos a qualidade de vida acima do ganho econômico.
Nossos caminhos e principalmente o meu foram marcados por decisões primordiais que não aceitei e moldaram o caminho de minha vida, decisões que na época pareciam normais mas eram verdadeiros crimes que não podia aceitar.
Como estudantes formamos uma ideia negativa das multinacionais como se viessem roubar o nosso país mas com o passar do tempo, a nossa convivência com as empresas estatais mostrou exatamente o contrário, a burocracia que elas criavam era extremamente mais perversa para todos. Trabalhei em uma empresa multinacional, achei muito boa a forma de se valorizar e respeitar o trabalho, diretamente sem interferência de quem você era e quem lhe indicou porém nosso país nessa época era um tipo tipo de lixo do mundo desenvolvido onde se permitia produzir o bloco do motor do Ford Mustang para usar no Maverick, porque a legislação americana não permitia a produção mais por lá, bem como inseticidas terríveis como o Aldrin que foi o motivo de junto om outro colega deixar essa empresa quando vimos a poluição e contaminação que causava, aliás 30 anos depois, o maior processo e dano ambiental do Brasil, a poluição do lençol freático desde Paulínea até Campinas, 5000 pessoas contaminadas. Enfim era duro ser testa de ferro entre o que você tentava impor para ganhar o seu sustento e o que fazia aos outros, não era aquilo que sonhamos mesmo.
Enfim depois de muito sofrimento decidi abandonar aquilo tudo e trocar minha proposta de vendedor de veneno para vendedor de saúde.
Montei uma escola de natação e fiz o curso de psicologia para trabalhar com crianças deficientes.
Minha vida mudou radicalmente, me libertei daquele astral ruim mas minha escola consumia lenha e tinha de fazer a reposição florestal.
Novamente ia no setor público de fiscalização e o cara pegava a minha ficha e pedia para pagar por fora, ele passava na minha empresa pegava o pagamento e dava baixa na ficha, aquilo me deixou decepcionado novamente e resolvi eu mesmo voltar a plantar para meu próprio consumo.
Vinte e cinco anos depois essa floresta me ajudou demais na aposentadoria.
É isso a gente sempre colhe aquilo que planta!
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