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A importância do Xadrez em minha vida
Vander Roberto

Eu sou do tempo que Judit Polgar assombrou o mundo e bem antes vi a chamada "guerra do K" entre Karpov e Kasparov. Aquela jovem moça era minha fonte de inspiração para jogar Xadrez. Quem sabe eu não teria alguma chance de aperfeiçoar minhas habilidades e ter sucesso como jogador? Percebi que precisaria renascer caso quisesse tornar-me um razoável jogador pois meu tempo havia passado. Se eu tinha inspiração em Judit Polgar para jogar Xadrez por outro lado eu não tinha qualquer técnica para estudar profundamente tal arte e acabei aprendendo na "força bruta". Aquilo que parecia lógico eu jogava e não havia a preocupação em estudar aberturas ou finais na forma profunda visando elevar meu nível de jogo. O resultado: nunca aprendi Xadrez ao ponto de poder vangloriar-me além da época escolar e universitária vencendo torneios internos nestes lugares e nada mais.

No meu tempo estava em alta não só Judit Polgar como Karpov e Kasparov surgindo outras figuras como Anand, Topalov, Kramnik, Ivanchuk só para citar alguns nomes ainda reverenciados(as) nos dias atuais, as chamadas lendas. Figuras importantes como Jan Timman e Nigel Short estavam competindo em bom nível e chegaram a disputar o título mundial. No Brasil tínhamos Geovani Vescovi, Gilberto Milos, Rafael Leitão como nomes muito falados e partícipes de torneios de alto nível nacional e internacionalmente sendo que Leitão vinha de dois títulos mundiais em categorias abaixo dos 18. Podíamos acompanhar pelas colunas de jornais, problemas e partidas, ofertadas por Herman Claudius e Hélder Câmara. Na América do Sul destacava-se Julio Granda do Peru e o forte Xadrez cubano e argentino.

Foi em 1992 que tive o meu primeiro contato mais sério com Xadrez através do jogo Chessmaster 2000 dentro do Laboratório de Informática do colégio que eu estudava. Copiei o jogo para o disquete 5/4" com aquele furo no meio e fino como uma pena não podendo dobrar e passei a jogar em casa. Seria tudo normal não fosse as dolorosas derrotas para aquele jogo que rodava em MS-DOS. Não desisti e acabei comprando livros básicos, passei a estudar com mais atenção e por fim ganhei os torneios internos do colégio e da universidade. A partir de 1995 optei por jogar no Clube de Xadrez São Paulo (CXSP) no centro paulistano, clube este que ainda é o mais velho em atividade na América Latina fundado em 12 de Junho de 1902. Adquiri uma mentalidade muito mais profissional do Xadrez e até participei do Itaú Open numa oportunidade tendo resultado modesto.

O meu Xadrez não evoluiu muito no CXSP mesmo jogando com pessoas bem mais experientes pois precisaria de dedicação quase total e além disto a minha idade já "havia passado" para almejar alguma coisa mais significativa. Aprendi que para ter alguma titularidade no Xadrez e descobrir se a pessoa tem algum potencial é preciso começar muito cedo, coisa de 4 ou 5 anos de idade. Na prática, eu havia tomado gosto pelo jogo profissional somente aos 19 anos e estava anos-luz atrás de concorrentes mais calejados(as). O bom que o ambiente era bem atrativo e eu conseguia fazer amizades. Vez ou outra eu passava por lá para ler ou estudar alguma coisa que interessava em outras áreas do saber. Inesquecível era o restaurante no 3 andar e o café que era servido. Fiz muitas amizades inesquecíveis que valeria um extenso livro.

Trabalhar e estudar eram as necessidades do momento e o Xadrez ficou em 2º plano por quase duas décadas. Eu só acompanhava distante quem eram os novos campeões mundiais e já havia saído há muito do CXSP. Os períodos de Kramnik e Anand passaram e nem vi. Quando Magnus Carlsen ganhou o Mundial eu nem acompanhei o match. Só voltei a ter contato com Xadrez em 2019 instalando programas de computador e jogando online em plataformas gratuitas. Os focos sempre foram estudo e trabalho. Após tanto tempo sem jogar eu fui "surrado" online em torneios gratuitos nestas plataformas passando a estudar minhas partidas corrigindo erros. Eu até consegui vencer um bot de 2000 e hoje estou mais "empurrando peça" para não dizer que não jogo. Aos 48 anos, eu só brinco e nada mais. Profundidade no Xadrez não é meu forte.

Aquele programa de computador chamado Chessmaster 2000 despertou meu interesse por tecnologia computacional. Anos mais tarde eu estudaria Análise de Sistemas visando desenvolver software. Posteriormente tirei uma Especialização em Engenharia de Software e outra sobre Segurança e Defesa Cibernética. O Xadrez também proporcionou bem mais interesse em Matemática e Física apesar que sou bem ruim nas duas áreas. Foi também pelo Xadrez que tive contato com o Linux pois havia um programa muito bom chamado GNU Chess estimulando para instalar o sistema que vinha com ele na época pois queria sair do tal "sistema crackeado". Se o Xadrez levou-me para a Matemática também ajudou-me entrar na Filosofia e História. Hoje também possuo uma Especialização em História Africana e Indígena. Por fim, agradeço Judit Polgar. Ela manteve meu gosto por Xadrez. Obrigado, Judit!


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