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Depressão e fim de ano
Professor Jorge Trindade

Resumo:
Se tiver que chorar, não chore para dentro. Chore para fora. Lembre-se de que, quando as palavras são ditas e escutadas, é possível construir novos significados

A chegada do fim de ano suscita questões de passado e futuro. Como foi e como será. Exige respostas e novas perguntas. Descanso das lutas ocorridas no ano que finda e ação e energia para o ano que se inaugura. Esse movimento de transição pode desencadear alegrias e tristezas, mas também sentimentos depressivos.
Sentimentos depressivos são desânimo, apatia, ansiedade, medos irracionais, angústia e sensação de não conseguir lidar com as demandas que virão pela frente, rotineiras ou não.
Isso não é a mesma coisa que uma simples tristeza. A tristeza é um sentimento profundamente humano. Leva-nos a avançar. A tristeza é passageira, transitória. Costuma ir embora com o passar dos dias.
Já a depressão, é diferente. Ela puxa para trás. Seu conteúdo é de retrocesso e culpa e a culpa nunca é boa companheira. A depressão é paralisante. Deixa a pessoa congelada, imóvel. Ela não consegue andar para a frente. A depressão é intensamente dolorosa, mas sobretudo improdutiva. Um redemoinho, um turbilhão. Leva a ruminar mágoas e ressentimentos sem permitir uma elaboração, quer dizer, sem propiciar a superação dos conflitos que são próprios da vida, alguns mais visíveis, outros completamente invisíveis.
Na linguagem da psicologia, dizemos que são inconscientes. Estão submetidos a um superego castigador. Tirânico. O superego nessas condições é muito julgador. Não deixa perdoar. A pessoa parece que leva tudo a ponta de faca. Olha tudo pelo lado do pior, como se estivesse andando somente pelo lado escuro da calçada.
Diante disso, será preciso reagir. Pedir ajuda. Na depressão ninguém se salva sozinho. Portanto, não se iluda. Comece já.
Afinal, se você deseja estar com saúde e disposição para passar bem muitos finais de ano e para festejar com alegria a cada ano que se inicia, independentemente de sua idade, é necessário remar a canoa e, para que ela não afunde, deve-se remar forte, com os dois braços. Se a correnteza for forte demais, peça ajuda. Procure alguém com experiência profissional, capacidade e empatia, enquanto você organiza os seus movimentos externos e principalmente internos.
Os aspectos afetivos são os que primeiro precisarão de atenção. Então, se tiver que chorar, não chore para dentro. Chore para fora. Lembre-se de que, quando as palavras são ditas e escutadas, é possível construir novos significados e atribuir sentidos que antes pareceriam impossíveis.

Jorge Trindade
Advogado e psicólogo.
Pós-doutorado em Psicologia Forense
Doutor em Psicologia, Doutor em Ciências Sociais e professor


Biografia:
Advogado e psicólogo. Pós-doutorado em Psicologia Forense Doutor em Psicologia, Doutor em Ciências Sociais e Professor.
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