Uma parte do cristianismo é adepta das doutrinas de João Calvino. Outra é partidária das doutrinas de Jacó Armínio, no entanto, esse não é o único racha no cristianismo. Além desse nós temos o Amilenismo, Pré-Milinismo, Pós-Milinismo, Dispensalismo, e mais uma grande quantidade de “ismo”. Isso sem fazer menção dos usos e costume individuais de cada denominação que, pode ser entendido como prática ou modo de viver comum a cada igreja. O objetivo de todos esses seguimentos cristãos é – fazer com que seus membros passem a andar de acordo com as suas doutrinas. Ainda tem mais um agravante: cada denominação tenta convencer os membros de outras igrejas de que as suas doutrinas são as únicas verdadeiras.
Todas essas vertentes – obrigatoriamente me conduzem ao conto “O Louco” de Khalil Gibran, que é narrado na primeira pessoa.
Ao fazer uma visita a um hospício Khalil vê um jovem sentado num dos bancos do jardim. Depois de sentar-se junto a ele, Khalil pergunta:
– Por que estás aqui?
A resposta do jovem foi:
– Meu pai pretendia fazer de mim uma reprodução de si mesmo. O meu tio queria a mesma coisa. A minha mãe tinha a figura de seu marido marinheiro como um exemplo perfeito a ser seguido. Meu irmão pensava que eu devia ser igual a ele, um ótimo atleta. E meus professores – o doutor em filosofia, o mestre em música e o de lógica – estavam determinados: cada um deles teria em mim um reflexo de seus próprios rostos em um espelho. Por isto, vim parar neste lugar. Mas acho este ambiente bem mais saudável. Pelo menos, aqui eu posso ser eu mesmo.
Depois disso o louco se virou para Khalil e perguntou:
– Mas, diga-me: foram a educação e o bom conselho que te conduziram para este lugar?
– Não, sou apenas um visitante – respondeu Gibran.
– Oh, tu és um daqueles que moram no hospício do outro lado do muro...
Peço desculpas ao Khalil Gibran, mas trocarei a frase final de seu conto.
– Oh, tu és um daqueles que frequenta um daqueles hospício chamado igreja...
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