Os jogos de linguagem consistem em domínios variados cujas palavras adquirem significado conforme o uso e a inserção da mesma em um desses jogos, que configuram circunstâncias diferentes. Uma mesma palavra (considerada uma ferramenta, por Wittgenstein) pode obter sentidos distintos a partir dos diferentes jogos de linguagem, que fornecem um contexto e um significado. Tais jogos de linguagem são formados por regras, e o seu exercício se configura como segui-las. Essas regras são dadas durante a execução do jogo, não fora nem antes dele. Ou seja, seguir as regras é sinônimo de aplicá-las. Além disso, são regras expostas e públicas, que não obscurecem aquilo que apresentam, posto que estão dadas e se fazem presentes. Por se tratar de regras internas ao jogo de palavras, não se vinculam a algo material. O sentido de uma palavra depende de seu uso no jogo de linguagem e isso se exemplifica da seguinte maneira: a palavra “martelo” pode assumir significados diferentes conforme o campo semântico de sua utilização, podendo estar relacionada a um instrumento de trabalho no caso de uma carpintaria, ou então ser relativa a um osso do corpo humano, quando a palavra é aplicada no âmbito médico por um otorrinolaringologista. Outro exemplo: a palavra “flor” pode se munir de um significado no jogo de linguagem da botânica que é diverso do sentido que obtém ao utilizar o termo no contexto da jardinagem, e que por sua vez, pode possuir um significado distinto em uma poesia. Assim, jogos de linguagem são caracterizados como múltiplos e incontáveis, e entendidos como comunidades de significado que fornecem sentido aos seus usuários, sendo que esses partilham de uma forma de vida em comum (Lebensform), a qual se configura como uma condição para o jogo de linguagem, dotado de regras advindas da gramática e aplicadas a partir da execução/realização durante o jogo que estiver em questão.
Disciplina: Filosofia da Linguagem
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