O que é isso?
Isso sou eu lamentando outra vez.
Não é isso que faço
todo dia e o dia inteiro?
Choro mais uma vez a dor
de ver apagadas as pegadas
de minha voz,
dos caminhos onde andei.
Você não sabe,
mas por onde ando,
deixo pegadas,
rastros de minha voz,
de meu pensar.
E, - ah, como dói só lembrar - ,
sumiram todos, todinhos.
Só ficaram os rastros da flor.
A voz de Maria sumiu,
desapareceu, para sempre,
para sempre.
Às vezes esqueço,
mas hoje doeu forte
em mim outra vez.
Cada vez que lembro,
vejo-me num espelho.
Essa sou eu.
NADA. MUDA. SEM VOZ.
Assim eu deveria ficar.
Calada, calada!!!!!
Por que insisto em continuar falando?
Por que não abandono esse barco,
esse transatlântico,
que navega dentro do meu coração?
Porque não consigo mais viver
sem a "dor de luz".
Porque não sei mais viver
com o coração oco, vazio de mim...
Maria
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