Nunca se deixe levar pela depressão, pelo medo, pelas circunstâncias. Mesmo que forem circunstâncias de brigas de amor. Depois de uma noite de choro, o dia nasce outra vez.
Não há mais portas abertas,
você entra e a porta bate.
Não abre!
Mesmo que esperneie,
que grite, bata o pé,
tente de lado,
de costas, de frente,
de nada mais adianta.
A tal hora chegou.
A hora da solidão
de você.
Mesmo que se transforme
numa Pátria chinesa,
num castiçal de prata,
a porta não abre mais.
E pode levar pimentão,
temperos ou até
bolinho de arroz,
não abre mais.
É como cutucar
um boi bravo
e sedento de sangue
com vara curta.
O cordão se rompe
e a bruma, o breu, está feito.
Não tem primeira comunhão,
nem confirmação
que resolva.
A porta não abre mais.
É como num jogo de xadrez.
Se morreu, morreu.
Não tem nem rei, nem príncipe,
nem rainha, nem fada, boneca,
ouro, nem guerreiro ou peão
que faça viver o que foi morto.
Não adianta!
A porta não abre mais.
É de cedro,
tem até cheiro de jasmim,
gosto de maçã e pêssegos.
Resta deitar na cama,
sofrendo o pranto da dor,
esperando a hora das sete,
hora da morte passar,
adornada de flores,
entre fachos de luzes,
para alçar para o lago eterno
a mulher, que um dia
seu coração ao homem
entregou...
Maria
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