O interesse pela leitura pode ser analisado como um processo escasso na sociedade que vivemos. Os estímulos para proporcionar uma leitura muitas vezes são fracos ou até mesmos ausentes, formando indivíduos que não procuram um desenvolvimento intelectual que fuja da alienação. A imagem dos leitores brasileiros é analisada em uma pesquisa feita na 4ª edição de retratos da leitura em 2016, onde mostra que mais da metade dos brasileiros nunca entraram em uma biblioteca e só 30% já leram algum livro. Analisando esses dados podemos identificar que a introdução da leitura não foi feita de modo que estimulasse o leitor a continuar o processo de interação com a literatura.
Tendo como base a BNCC (Base Nacional comum curricular) podemos percebe que as crianças em idade de 4 a 5 anos aprendem tendo experiências em suas rotinas, é preciso um contato direto através de processos lúdicos com intervenção feita pelo professor ou adulto responsável no momento. Ao ser introduzido a leitura nessa fase a criança começa a construir sua própria história caracterizando o início do seu processo de letramento, nessa fase ela começa a ser apresentada as convenções de letras e simbologias contendo um significado para a inclusão em uma determinada sociedade, com isso “As crianças pequenas interessam-se por produzir suas histórias e por escrevê-las, registrando-as de diferentes formas, pela escrita espontânea, ditando ao (à) professor(a), desenhando, brincando de faz de conta etc. Ao ter a oportunidade de produzir suas histórias e comunicá-las em situações com função social significativa, reforçam sua imagem de comunicadores competentes e valorizam sua criatividade”.(BNCC Educação Infantil escuta, fala, pensamento e imaginação).
O contato com a leitura de diversas maneiras produz na criança uma capacidade de imaginação e pensamento que a auxiliar em sua rotina na produção de soluções de problemas. Ao se deparar com as palavras orais amplia seu vocabulário fazendo com que obtenha uma facilidade de comunicação e socialização. Através das figuras e imagens as crianças podem exercitar sua memória relembrando as histórias contadas, podendo ser construído os valores, sua moral e moldando sua identidade.
Dentro da primeira infância, que podemos considerar como a fase mais importante do desenvolvimento humano, as ligações cerebrais e intelectuais estão quase todas em total atividade, com isso a criança consegue a curto prazo de tempo aprender e a se desenvolver interagindo com o mundo a sua volta. Nesse processo de aprendizagem, a criança consegue criar inúmeras ligações cerebrais a partir de seus sentidos naturais, ou seja, ela aprende com o que ouve, com o que vê, com o que toca e de muitas outras formas também.
Observamos que com relação ao contato com a leitura as seguintes abordagens se enquadram em nossos estudos, a “Abordagem Piagetiana” refere-se ao estudo do desenvolvimento cognitivo que descreve estágios qualitativos no funcionamento cognitivo. Ela quer saber como a mente estrutura suas atividades e se adapta ao ambiente. A “Abordagem do processamento da informação”, refere-se ao foco na percepção, aprendizagem, memória e resolução de problemas, seu objetivo é descobrir como as crianças processam as informações do momento em que as recebem até utilizá-las.
Através de testes de desenvolvimento Piaget (1969) pode observar os erros lógicos cometidos pelas crianças e a partir daí desenvolveu sua abordagem, que eles aprendem por meio dos sentidos e da atividade motora, sua teoria foi dividida em seis sub estágios sendo o mais apropriado ao nosso estudo o estágio seis, a capacidade de representação onde a criança representa mentalmente objetos e ações da memória, principalmente por meio de símbolos com palavras, números e imagens mentais, elas sabem fingir e sua capacidade de representação afeta a sofisticação do seu fingimento, elas sabem pensar em ações antes de realizá-las.
Pesquisas apontam que crianças que os pais haviam lido diariamente tinham melhores habilidades cognitivas e linguísticas com 3 anos, e suas capacidades linguísticas emergentes repercutem mais tarde no desempenho escolar. A interação social na leitura em voz alta e outras atividades diárias são fundamentais para uma boa parte do desenvolvimento infantil.
Piaget (1969) em seus estudos sobre a linguagem e o pensamento da criança, procura fazer levantamento sobre qual era o objetivo a linguagem para as crianças de 0 a 6 anos, o mesmo constatou em primeira instância que se trata da primeira forma de comunicação com o mundo exterior, para exercer influência ao seu redor a criança buscar expressar seu pensamento não importando o receptor ou seu entendimento, mais como forma de expressão e contato com o objeto em questão. Mas ao aborda de forma mais profunda Jean Piaget coloca a linguagem como forma de intervenção no espaço em que se cria a comunicação, dessa forma as palavras têm efeito no plano de ação. Quando a criança se comunica com outra se faz uma interação tendo como meta identificar e influencia umas às outras, colocando a linguagem como fonte não só de codificação, mais também como forma de intervir no ambiente inserido.
Tendo como foco o desenvolvimento artístico na criança a FCSH (Faculdade de Ciência Sociais e Humanas), buscou aplicar em crianças na fase da primeira infância pratica já aplicadas tendo como diferencial a uma maior intensidade para forçar um alcance mais satisfatório no desenvolvimento das mesmas. Os resultados constatados mostraram que a aplicação do conhecimento não vem de impulsionar as práticas pedagógica, mas sim estimular a criança, para que essa tenha uma interação com o objeto e assim os questionamentos e resultados vão sendo instigados de forma mais direta na mente dos alunos, quanto mais estímulos com o meio, maior desenvolvimento acontece.
Na sociedade brasileira uma das formas para ser inserido é desenvolver a oralidade e escrita da língua portuguesa. Esse requisito traz facilidades no dia a dia pois em todos os lugares há a necessidade do letramento e comunicação. Tendo a educação infantil com a iniciação na educação e sociedade é necessário tratar as crianças com indivíduos participantes e ativos, por isso se faz necessário a iniciação da leitura na educação infantil. As crianças têm seus próprios interesses, vontades e anseios, e para que possam se expressar e ter autonomia ao interagir com o mundo externo é preciso que professores, pais e responsáveis estimulem a criança na sua comunicação. A literatura na fase inicial torna o crescimento e desenvolvimento mais aguçados ajudando a criança no processo de imaginação dessa forma ela estabelece interações com o mundo, tendo como principal meio a contação de histórias.
Buscamos através deste projeto refletir sobre a importância da iniciação da literatura na educação Infantil com crianças de 2 a 3 anos, uma vez que o contato da criança com as palavras traz a ela uma introdução do contexto social que se vive, precisando, estabelecer quais as influências da literatura nas seriem iniciais, refletir sobre as consequências da contação de história no processo lúdico de desenvolvimento do aluno.
FALTA DE INCENTIVO A LEITURA
Com base nas observações e nos relatos de professores na instituição, foi analisado que não há um investimento adequado nessa área, fazendo com que cresça a desmotivação até mesmo nos professores.
Segundo ANTONIACOMI e Outros (2011, p. 12729) “A leitura abre mundos a qualquer pessoa, podendo conquistar conteúdos, cultura, lazer e principalmente satisfação e prazer ao fazer uma boa leitura. Aliado a isto, a leitura amplia o raciocínio, a verbalização, a formalidade das palavras, dos textos escritos, dos diálogos formais e informais, enfim, auxilia numa infinidade de objetivos, que podem ser conquistados por meio da leitura. ”
Mas para que se chegue a ter um livro como “aliado” dentro de sala é necessário a ampliação de estímulos, capazes de trazer um interesse e consequentemente fazer com que a criança se motive no habito de ler. No primeiro plano proposto, com a escola anterior, foi sugerido o cantinho da leitura como uma desconstrução do espaço, pois Segundo Oliveira e Santos(2016 p.14) “A produção da qualidade educativa, na e da escola, está sem dúvida relacionada com os processos educacionais construídos nos espaços escolares, a partir dos significados que os sujeitos lhe atribuem e aos usos que fazem dele.”, ou seja, os espaço da escola refletem no desenvolvimento do aluno como individuo em formação na sociedade, sendo assim é preciso desde os primeiros anos a desconstruir nos alunos o pensamento de que leitura é só em sala de aula.
Pensando nisso, após discussões internas o grupo decidiu continuar com o processo de intervenção. Sendo esse pensado de forma que os alunos tivesse contato com a leitura em diferentes espaços, foi pensando nisso que o “trenzinho da literatura” surgiu. Após percebemos que um deslocamento dos livros poderia dar a possiblidade dos professores levarem os livros para diversos lugares, optamos por desenvolver o trem para que assim pudesse facilitar na hora da aplicação do projeto.
Visando a implementação do nosso projeto buscamos planejar as seguintes tarefas:
⦁ Construir um Porta-Livros em formato de um trem,
⦁ Criar um espaço que obtém a atenção das crianças para leitura,
⦁ Realizar um momento da história fornecendo contato com os livros,
⦁ Arrecadar livros de acordo com a faixa etária a proposta.
Tendo em vista a necessidade de construir tarefas a fim de que está se torne executáveis optamos por definir as seguintes atividades. A visita foi feita no dia 27 de Novembro de 2018 no período da manhã, onde contamos com a presença de crianças de duas salas. Apresentamos o trenzinho para elas e explicamos a proposta, após todos se acomodarem foi feita a leitura de duas histórias tendo a participação das crianças quando perguntadas e quando tinham dúvidas, após a leitura demos a abertura para que as crianças tivessem contatos com os livros. Obtivemos uma resposta positiva tanto da gestão com o corpo docente, podemos ver o interesse das crianças em relação ao descobrir novas histórias, tendo algumas pedindo espaço para relatar sua visão do que estava sendo contado.
Com isso podemos observar o precisamos cada vez mais estimular as crianças ao ambiente da literatura pois assim as mesmas criam suas próprias experiências e desenvolve sua imaginação e oralidade. Segundo Silva e Kohn (2016), citando ABRAMOVICH (1997, p. 17) [...] ouvir e ler histórias é também desenvolver todo o potencial crítico da criança. É poder pensar, duvidar, se perguntar, questionar[...] É se sentir inquieto, cutucado, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de ideia... É ter vontade de reler ou deixar de lado de uma vez[...]” Esse processo é continuo não podendo perder a continuidade, é preciso um olhar a longo prazo para que possamos desenvolver nas criança o olhar crítico de acordo com sua faixa etária, mais que desencadeie em seu desenvolvimento a vontade de sempre está se atualizando e renovando o conhecimento.
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