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EU XINGO, MEU PAI ME XINGA, MINHA MÃE ME XINGA
Erivelto Reis

EU XINGO, MEU PAI ME XINGA,
MINHA MÃE ME XINGA


Assuntos polêmicos não são o meu forte. Como integrante permanente do lado mais fraco, apresento uma forte tendência a defendê−lo. E, acreditem ou não, o lado mais fraco sempre tem defesa. Embora não pareça. Porém, não poderia nunca ignorar o fato de que apesar de toda a Poesia, o Brasil ainda tem que se esforçar muito para melhorar.
Esse povo tão sofrido que luta por dias melhores e que vive tão oprimido e sem oportunidades, acaba por voltar a sua indignação contra os seus semelhantes. Se não contra o vizinho, o patrão (quando o há), o amigo... Acaba por rebelar−se contra a própria família. Na forma de descaso.
Aconteceu comigo pensar nisso, quando um dia, num ponto de ônibus, esperando condução para participar de um encontro de Poetas, pude ouvir uma “mãe”, — eu imaginei tratar-se de uma mãe, — aos berros, xingando o que me pareceu ser um menino que chorava dolorosa e copiosamente.
Difícil tratar de Poesia com o choro desse menino na cabeça. Difícil acreditar que um país que pretenda crescer e se tornar um país justo possa conviver, dia a dia, com a violência doméstica. Mas como a missão do escritor é levar a Poesia e a literatura onde quer que ele vá, lá fui eu fazer Poesia com o choro do menino martelando o meu juízo.
E quando já estou conseguindo esquecer daquele choro convulsivo, durante um evento no calçadão de Campo Grande, ao meu lado, num daqueles bancos de concreto do calçadão, uma menina procura pela mãe. Seu irmão que vem em seu auxílio, um pouco mais velho que ela, ao invés de ajudá−la, agride a menina com uma sonora bofetada no rosto, empurrões e puxões de cabelo. Ela, frágil, impotente e indefesa; quase sem recursos para mostrar a sua/minha indignação, tenta cuspir-lhe no rosto. E a saliva da revolta da menina também me atinge.
Perdigotos de uma geração marcada pelo descaso respingam minha camisa e minha Poesia. Acertam também o rosto de seu irmão-algoz, tão vítima quanto ela. E assim, nesse ensaio de caos e guerra, onde irmãos se confrontam violentamente, a história se repete e tenta, de maneira sórdida, justificar-se: minha mãe me xinga, meu pai me xinga e eu xingo quem cruzar o meu caminho!!!


Biografia:
Erivelto Reis nasceu em 1976, em Rio Verde, Goiás. Veio para o Rio de Janeiro, aos três anos, com sua família. Filho de José de Arimatéia e Maria Aparecida da Silva Reis e irmão de Erivaldo, Erialdo e Elton. Erivelto é casado com a professora Gloria Regina e o casal tem três filhos: Allynie, Erick e Ian. Poeta, escritor, cronista, ativista e produtor cultural. Tem dois livros publicados: “Sem Rima” (Poesias - 2004) e “Somos” (Crônicas e Poesias - 2007). Escreveu crônicas para os jornais “O Guarazão”, da região de Guaratiba e “O Amarelinho”, de Campo Grande, ambos na cidade do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro em 2004. É professor formado em Letras (Português – Literaturas) e pós-graduando em Estudos Literários pelas Faculdades Integradas Campo-grandenses. Em 1998, no curso de Teatro Laboratório, no Teatro Arthur Azevedo, conheceu o poeta Primitivo Paes, seu amigo e grande incentivador. A partir de então, passou a dedicar-se efetivamente à carreira como escritor. Juntos, Primitivo e Erivelto, já somam, em onze anos de carreira, mais de mil apresentações em escolas, praças públicas, teatros, centros culturais e eventos em todo o Estado. Como ativista e produtor cultural, coordenou em 2006, o I Encontro de Poetas do Rio de Janeiro, na Lona Cultural de Campo Grande. Ingressou, em 2005, no Instituto Campograndense de Cultura, a convite da então presidente Marly Monte Araújo, e participou da produção da I Jornada de Letras do Instituto Campograndense de Cultura e da confecção da Revista comemorativa dos 40 anos do Instituto em 2007, além de ter participado, como jurado e, posteriormente ao seu ingresso no Instituto, da produção do Projeto “Novos Talentos do ICC”. Em 2008, passou a fazer parte do quadro de membros efetivos do renomado instituto, ocupando a cadeira número 8, que pertencera à professora Leda Lúcia e cujo patrono é Freire Alemão. Em 2007, participou, com um poema, de uma Mostra de Poesia e Artes Plásticas no Centro Cultural Ariano Suassuna, na Barra da Tijuca/RJ. Em 2008, participou como jurado, do concurso nacional de poesias da Revista Day By Night e em 2009, sempre ao lado do poeta Primitivo Paes, da I Mostra de Poesia Brasileira na Cidade de Maricá. Vencedor do Prêmio FEUC de Literatura em 2005 e 2009, seus poemas constam de inúmeras coletâneas e antologias pelo Brasil. Recebeu também o Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste em 2005 (coordenador de grupo), 2006 (ativista cultural) e 2008 (escritor). Participou da organização e da produção das XVI, XVII e XVIII edições da Semana de Letras da FEUC e dos XI e XII Fórum de Educação, Ciência e Cultura da mesma instituição. Recebeu o troféu comemorativo da I Jornada de Letras do ICC. Em 2005, por indicação do escritor Roberto Sobral, foi agraciado com a Medalha de Honra ao Mérito comemorativa dos 46 anos da Associação dos Taifeiros da Armada da Marinha do Brasil. Participou de diversas edições do Aniversário de Campo Grande, o que fez com que em 2007, recebesse mais uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Em 2005 foi citado, por suas atividades culturais, pelo Ministério da Cultura no Programa Nacional de Incentivo à Leitura e à Literatura, como um dos fomentadores da leitura e da Literatura no Brasil. Frequenta eventos culturais em toda a cidade. Seus poemas e suas crônicas estão disponíveis para leitura em diversos sites. Contato: eriveltoreis@yahoo.com.br
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