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SEPARAÇÃO
Erivelto Reis

SEPARAÇÃO


Ele chega à porta da casa da ex-mulher. A separação é recente. Toca a campainha e aguarda. Lá dentro ela já sabe que é ele. Os ressentimentos são muitos, e os encontros têm que ser muito bem elaborados e programados.
– Trouxe meu filho? – Ela pergunta.
– Está no carro. Eu vou buscá-lo. – Ele responde.
– Não precisa, eu mesma o pego.
– Você está querendo é afastá-lo de mim, isso sim!
– Não vai começar com essa maldita história outra vez. Você sabe que ele é meu por direito. E é a mim que ele ama.
– Você sempre quis mimá-lo mais do que devia. E esqueceu que dentro do nosso relacionamento havia outros sentimentos que teriam que ser avaliados e reconhecidos. Eu também o amo. Mas não com esse sentimento mesquinho e possessivo que você tem.
– Ah, agora eu sou possessiva?! Mas na hora que ele ficou doente, eu é que cuidei dele. Nos domingos pela manhã, eu é que o levava ao parque para brincar, Levava-o ao calçadão, à praia e as festas dos seus amiguinhos...
– Você praticamente me impedia de levá-lo ao campo comigo, com medo que ele tomasse uma bolada ou que se machucasse.
– É porque você nunca deu carinho suficiente nem pra mim nem pra ele. E se você fosse negligente só comigo, eu ainda poderia suportar. Mas o descaso com relação ao meu filhinho, isso é que eu não ia permitir.

– Até psicólogo você me fez pagar para ele. E ele só tem quatro anos. Eu fiz todas as coisas que um pai poderia fazer por um filho...
– Você e esse seu insuportável materialismo. Abre a porta desse carro agora! Vem, meu filho, vem com a mamãe, vem!
– Era de se esperar que você se comportasse dessa maneira. Querendo fazer de mim um monstro sem coração. Você nunca me respeitou. E negou os meus direitos como pai. Eu deveria ficar mais tempo com ele em nossas visitas. Passar os fins-de-semana... Essas coisas!
– Pai não é aquele que faz. Você já deveria saber disso! E nesse caso você nem fez nem criou o meu filho!!!
– Você é muito baixa mesmo! Como você pode me jogar na cara que eu não fiz o nosso filho. Você também não o fez!
– Mas o adotei, criei e o eduquei como se fosse. Já você, nem a isso se dignou.
– Quer saber de uma coisa? Eu vou embora, e você não perde por esperar, porque eu vou mandar o meu advogado entrar em contato com o seu, e vou lutar pela posse do meu filho. Passe bem! Tchau, meu filho, papai volta semana que vem!
O homem se despede, deixando a mulher furiosa à porta de casa; os vizinhos inconformados e horrorizados ante a discussão. E o cachorro, pivô da separação, dito filho do casal, fazendo cocô na calçada, alheio a qualquer problema.


Biografia:
Erivelto Reis nasceu em 1976, em Rio Verde, Goiás. Veio para o Rio de Janeiro, aos três anos, com sua família. Filho de José de Arimatéia e Maria Aparecida da Silva Reis e irmão de Erivaldo, Erialdo e Elton. Erivelto é casado com a professora Gloria Regina e o casal tem três filhos: Allynie, Erick e Ian. Poeta, escritor, cronista, ativista e produtor cultural. Tem dois livros publicados: “Sem Rima” (Poesias - 2004) e “Somos” (Crônicas e Poesias - 2007). Escreveu crônicas para os jornais “O Guarazão”, da região de Guaratiba e “O Amarelinho”, de Campo Grande, ambos na cidade do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro em 2004. É professor formado em Letras (Português – Literaturas) e pós-graduando em Estudos Literários pelas Faculdades Integradas Campo-grandenses. Em 1998, no curso de Teatro Laboratório, no Teatro Arthur Azevedo, conheceu o poeta Primitivo Paes, seu amigo e grande incentivador. A partir de então, passou a dedicar-se efetivamente à carreira como escritor. Juntos, Primitivo e Erivelto, já somam, em onze anos de carreira, mais de mil apresentações em escolas, praças públicas, teatros, centros culturais e eventos em todo o Estado. Como ativista e produtor cultural, coordenou em 2006, o I Encontro de Poetas do Rio de Janeiro, na Lona Cultural de Campo Grande. Ingressou, em 2005, no Instituto Campograndense de Cultura, a convite da então presidente Marly Monte Araújo, e participou da produção da I Jornada de Letras do Instituto Campograndense de Cultura e da confecção da Revista comemorativa dos 40 anos do Instituto em 2007, além de ter participado, como jurado e, posteriormente ao seu ingresso no Instituto, da produção do Projeto “Novos Talentos do ICC”. Em 2008, passou a fazer parte do quadro de membros efetivos do renomado instituto, ocupando a cadeira número 8, que pertencera à professora Leda Lúcia e cujo patrono é Freire Alemão. Em 2007, participou, com um poema, de uma Mostra de Poesia e Artes Plásticas no Centro Cultural Ariano Suassuna, na Barra da Tijuca/RJ. Em 2008, participou como jurado, do concurso nacional de poesias da Revista Day By Night e em 2009, sempre ao lado do poeta Primitivo Paes, da I Mostra de Poesia Brasileira na Cidade de Maricá. Vencedor do Prêmio FEUC de Literatura em 2005 e 2009, seus poemas constam de inúmeras coletâneas e antologias pelo Brasil. Recebeu também o Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste em 2005 (coordenador de grupo), 2006 (ativista cultural) e 2008 (escritor). Participou da organização e da produção das XVI, XVII e XVIII edições da Semana de Letras da FEUC e dos XI e XII Fórum de Educação, Ciência e Cultura da mesma instituição. Recebeu o troféu comemorativo da I Jornada de Letras do ICC. Em 2005, por indicação do escritor Roberto Sobral, foi agraciado com a Medalha de Honra ao Mérito comemorativa dos 46 anos da Associação dos Taifeiros da Armada da Marinha do Brasil. Participou de diversas edições do Aniversário de Campo Grande, o que fez com que em 2007, recebesse mais uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Em 2005 foi citado, por suas atividades culturais, pelo Ministério da Cultura no Programa Nacional de Incentivo à Leitura e à Literatura, como um dos fomentadores da leitura e da Literatura no Brasil. Frequenta eventos culturais em toda a cidade. Seus poemas e suas crônicas estão disponíveis para leitura em diversos sites. Contato: eriveltoreis@yahoo.com.br
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