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Rafael da Silva Claro

O ano era 1983, semi-final do campeonato paulista, Corinthians e Palmeiras. Meu pai combinou de ir ao estádio com amigos e encarou levar seus dois filhos. Levar eu e meu irmão para qualquer “domingo no parque”, independente de nossa idade, era como separar uma briga de cães. Mesmo assim, fomos nessa, afinal, “o futebol é a coisa mais importante, dentre as coisas menos importantes” (máxima atribuída a Nelson Rodrigues, Arrigo Sacchi ou Milton Neves).

    Ficou gravada na minha memória a imagem da chegada ao Estádio do Morumbi. Aos oito anos, era a primeira vez que eu ia ao campo, e a visão do gramado daria, todas as vezes, a impressão de ser a primeira. Outra conclusão que tirei, nas muitas vezes que fui a estádios, é que o Estádio Cícero Pompeu de Toledo é igual qualquer obra de Oscar Niemeyer, bonito de se ver, ruim de estar.

     Já na chegada, mostrando que não estava nem aí praquele lugar, meu irmão achou um relógio, que algum torcedor distraído perdeu na chegada. Se esse cara era palmeirense, não perderia só o relógio.

     Assistimos ao jogo da geral (atrás do gol). Para mim, tava ótimo, enxergava bem. Para qualquer criança, como um super-herói, o goleiro se destaca. Ele usa roupa diferente, é mais arrojado, no pênalti Deus diz: agora é contigo, mermão! O goleiro era Emerson Leão, com camiseta manga longa listrada em preto e branco. No auge da Democracia Corintiana, o Leão era a dissidência no Timão. Ele, politicamente, estava em oposição a gente do naipe de Sócrates, Casagrande, Wladimir etc. Na hora de votar questões internas, era como se Jair Bolsonaro votasse nas primárias do PT. Em campo, eram correligionários, buscavam a vitória. Detalhe, estávamos vivendo os estertores do governo militar, pré manifestações Diretas Já.

     O jogo foi vencido pelo Alvinegro do Parque São Jorge. O Corinthians foi bi-campeão paulista, naquele ano, ganhando o jogo final do São Paulo. Anos depois, eu faria um périplo pelos estádios da capital. Os anos noventa foram terríveis, a violência imperou, mas eu fiquei fora disso.

     Depois daquele jogo, em 1983, eu me tornei corintiano, isso vinha de nascença. Eu achei aquele jogo excelente; meu irmão achou... um relógio.








Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
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