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O ÂMBITO FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO
Flora Fernweh

A educação consiste em um dos principais pilares que sustentam as sociedades humanas. É possível analisar a veracidade desta afirmação desde os primórdios. A relevância da educação de crianças e jovens é evidenciada por importantes posicionamentos de pensadores e intelectuais diante do assunto. O filósofo clássico Platão, por exemplo, aliava-se ao princípio de que a educação das crianças nas mais diversas disciplinas recorrendo à força, não fosse válida, mas que se configurasse como um jogo, para que também seja possível observar melhor a disposição natural de cada um. Há contudo, nesta asserção, a defesa de habilidades inatas, ao citar em seu argumento a disposição natural do indivíduo em contraponto ao desenvolvimento das aptidões. Infere-se do mesmo modo, o direito à educação. Na perspectiva do filósofo, não se deve aplicar a força a um direito, este, deve por sua vez se expressar de forma natural. Perante o exposto, observa-se a procedência dos ideais de viés educacional na contemporaneidade, como a popularização de um ensino de qualidade e a busca pela formação de seres críticos e racionais, capazes de compreenderem sua própria condição.
     Conforme apontado por Hannah Arendt em sua obra “Entre o passado e o futuro”, a educação oferecida concerne ao afeto, é encarada não apenas como amparo a um indivíduo específico, posto que o ato de educar se revela uma preocupação global a curto e longo prazo. Comparando a preocupação que permeia o futuro da sustentabilidade no planeta, com a tentativa de se apropriar da educação como recurso fundamental no processo de formação cidadã, humana e intelectual dos jovens, nota-se um elemento comum a ambas: o legado deixado às mais novas gerações, como prova de que as incertezas futuras inquietam àqueles que mantêm as esperanças de mudanças positivas. De acordo com o filósofo brasileiro e educador Paulo Freire, o aprendizado é um ato revolucionário, emancipatório, e quando manifesto de maneira coletiva, visando o bem comum e combatendo a acomodação frente à realidade, caracteriza-se como um componente defensor da educação plural e dialogável. A postura da não-neutralidade defendida por Freire, incita a ideia de liberdade no indivíduo e ultrapassa o fenômeno de adaptação do mesmo. Sugere ao invés disso, a transformação do ambiente em que vive e se relaciona com os demais através da transformação do ambiente em que vive e se relaciona com os demais através da transformação do jovem autônomo. Por conseguinte, analisa-se que a educação surte efeitos pragmáticos e evidencia que a problematização é um passo em busca da liberdade. Em alusão ao mito da caverna de Platão, a educação pode ser a luz da razão em aversão às sombras da ignorância.
     Entende-se o pensamento de Hannah Arendt como também uma tentativa de propor um equilíbrio entre os índices de natalidade e a educação. Concordo com a colocação da pensadora, visto que um fator pode influenciar o outro. É nítido por exemplo o impacto da educação no campo da natalidade. Com o devido controle desta, observa-se a redução da criminalidade e do desemprego, assim como a maior eficácia no atendimento à população através de programas sociais e disponibilização de serviços básicos, como saúde e educação. Deste modo, vê-se que os dois fatores citados inicialmente, além de interferirem um no outro, complementam-se.
     Há uma problemática pendente nos sistemas de aprendizado que regem a área educacional de muitos países: a inautenticidade do saber. Constata-se que o entendimento real é por vezes camuflado pelo falso conhecimento, algo ilusório que se baseia na repetição, quando se faz necessária a instigação da criança e do jovem à compreensão e ao questionamento. Entre tantos outros, um outro obstáculo persistente é o esquecimento dos valores humanos na importante etapa de consolidação da identidade, que na maioria das vezes coincide com a adolescência. Nota-se uma conexão entre as duas problemáticas aqui apresentadas, pois a partir do momento em que o jovem se depara com um modelo educacional retrógrado e provido de poucas possibilidades e princípios para seu futuro, torna-se um sujeito alienado e inapto a utilizar o saber como forma de compreender sua realidade, questioná-la e entender seus fundamentos éticos. É neste ponto que as virtudes e valores se inserem. Neste contexto, pode-se citar o pensamento de Pitágoras, que afirmava que educando as crianças, não seria preciso punir os homens.
     Partindo da análise detalhada dos dados, opiniões fundamentadas e ideias e pensamentos lógicos diante dos desafios enfrentados pela educação e sua expressão significativa no mundo contemporâneo, é possível concluir que os obstáculos estruturais observados, obedecem um emaranhado sistemático de dificuldades, é perceptível que diversos problemas recorrentes interligam-se a outros. Pode-se complementar também que os desafios educacionais abrangem também as esferas social, política e econômica. Frente à globalização, é notável o rumo que a educação está seguindo e o modo como a humanidade lida com ela: prioriza-se o saber prático e metódico, na busca por suprir as exigências de um mundo marcado pela agilidade. É contudo, incerto o futuro da importância dada aos conhecimentos que transformam o ser humano como indivíduo, lhe agregando valores úteis à própria formação e consequentemente, à sua forma de se relacionar e viver em sociedade.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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