Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A INFLUÊNCIA DA ESCRAVIDÃO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Flora Fernweh

A escravidão nos Estados Unidos iniciou-se no século XVIII, sendo motivada pelas habilidades portuguesas e espanholas para com os povos pré-colombianos nas colônias latino-americanas. Os navegadores espanhóis foram os primeiros a pisar no solo da atual região conhecida como Estados Unidos. O regime escravocrata encerrou-se em 1863, com o apogeu da Guerra de Secessão e vigor da carta de emancipação, assinada pelo presidente vigente, Abraham Lincoln, que abolia a escravidão em todo o território.
      Os Estados Unidos da América foram colonizados pelos ingleses a partir do século XVII, período no qual estava em alta os fundamentos iluministas na Europa e o crescimento do comércio ultramarino, fato que propiciou os processos de colonização, especialmente por parte da França e da Inglaterra. Antes da chegada britânica, os EUA eram habitados pelos povos Ameríndios, que posteriormente seriam escravizados. Estes eram descendentes de nativos da Sibéria e dispersaram-se em variados grupos étnicos, em diferentes níveis organizacionais. Conflitos religiosos e políticos em solo europeu também estimularam a imigração rumo ao Novo Mundo. É nítido o peso dos movimentos missionários e jesuítas em regiões norte-americanas. Em momentos de maiores tensões na Europa, principalmente no início do período de escravidão dos Estados Unidos, aqueles que se convertessem à determinada religião, tornariam-se livres após um tempo estipulado.
      Os nativos indígenas não eram de fácil escravização, pois não adequavam-se ao sistema capitalista assim como não se ajustavam como trabalhadores. Conforme a mitologia eurocêntrica, o índio era um indivíduo preguiçoso, esse foi um dos motivos que levou à escravização de afrodescendentes, embora o negro fosse considerado estrangeiro, a necessidade de mão-de-obra para a retirada de matéria-prima com fins lucrativos, rumo à Europa, tornou-se um obstáculo contornado pela possibilidade de escravizar os africanos. As punições caso a cota estabelecida aos escravos não fosse atingida eram severas: a tortura era aplicada através de mutilações, chicotadas, queimaduras, abusos e demais atrocidades. Os quilombos nos EUA eram conhecidos como “marons”. Havia no total, treze colônias, que constituíam facções federalistas e republicanas. A escravidão nas colônias do norte diferenciava-se da escravidão nas colônias do sul, enquanto que no norte dos Estados Unidos os escravos trabalhavam como empregados domésticos, artesãos e trabalhadores urbanos, no sul, o processo atingia maiores proporções: era árduo e cruel: a jornada de trabalho era de aproximadamente dezessete horas nas plantations de algodão (recurso essencial para o abastecimento das crescentes Indústrias Têxteis europeias, no contexto da Revolução Industrial), laranja, arroz e tabaco. O poder político dos EUA concentrava-se nos estados do sul, assim como os latifúndios; enquanto o norte, manufatureiro e de crescente industrialização.
      Boston foi uma das províncias envolvidas na escravidão e contou com o maior comércio de escravos da América do Norte, o que engrenou sua economia, e por muito tempo, foi um importante centro manufatureiro. As colônias de Jamestown,que recebeu os primeiros tumbeiros, e a de Chesapeake, onde ocorreu uma batalha durante a Guerra da Independência, ambas localizadas na Virgínia, incluíam-se no quadro de territórios que promoveram a escravidão. A economia da Virgínia era famosa por sua produção de tabaco, mas hoje em dia, há no estado uma agricultura diversificada, a pesca como atividade lucrativa, a criação de animais e a exploração carbonífera, além dos Montes Apalaches que constituem significativas reservas de carvão. A Geórgia foi outra região que participou dos processos de escravidão. Sua economia assume vertentes industriais químicas e têxteis, a atividade de mineração ganha bastante destaque, principalmente devido à extração de cobre e manganês, a citricultura é responsável por grande parte dos lucros obtidos com seu comércio e parte de sua renda deve-se ao turismo, justificado pelas belezas proporcionadas pelo Mar Negro. Massachussets, outro estado onde a escravidão tomou forma, tem sua economia baseada na agricultura, voltada ao processo agro alimentar. O setor têxtil é essencial assim como a pesca, as indústrias de alta tecnologia, e a crescente construção mecânica. Sua região foi cenário do episódio Matança de Salém, no qual houve acusação de bruxaria e consequentemente, a morte das culpadas em 1692. Carolina do Sul foi um estado que defendeu muito a escravidão, fato que a levou a separar-se dos EUA, receando que Abraham Lincoln decretasse a abolição da escravatura. Sua economia era baseada na agricultura: produção de soja, tabaco, frutas e algodão, na criação de animais, o ouro é um importante recurso mineral retirado de seu território, e há uma dinâmica exploração florestal.
      Segundo estimativas, durante o regime escravocrata legalizado, cerca de 1,6 milhões de homens e mulheres chegaram aos Estados Unidos para trabalhar. Havia aproximadamente 4 milhões de escravos registrados no início do regime, contando com uma alta taxa de mortalidade. Milhares de escravos foram mortos. Até a Guerra de Secessão, foram registrados no total cerca de 4,5 milhões de escravos.
      A segregação racial foi constitucionalizada através da promulgação das Leis de Jim Crow, nos estados do sul, que defendiam fortemente a escravidão, esse conjunto de leis abalou afro-americanos e demais grupos étnicos, pois a legislação exigia a separação entre negros e brancos em ambientes públicos, semelhante aos preceitos do Apartheid na África do Sul, que ocorreria anos mais tarde. A discriminação antes da “Era Jim Crow” foram os Black Codes, que perduraram de 1800 a 1866, estendendo-se até o fim da Guerra Civil, tinham a intenção de reduzir os direitos civis dos afro-americanos, suprimindo também as liberdades individuais, mesmo após a emancipação, os códigos negros ainda restringiam suas vidas. Outro tipo de lei eram as leis anti-miscigenação, que proibiam o casamento entre brancos e negros. Apesar dessas leis, surgiram outras formas de concessões institucionais, como o sistema “Headright”, que consistia em um direito de propriedade à partir de hectares de terras cedidas, o que levou à conflitos entre colonos e escravos.
      Com o progresso da Campanha Abolicionista, em meados de 1860, surgiu um movimento de independência das colônias do sul, que ainda abrangiam regimes escravistas. A dinâmica ocorreu em razão da declaração da Carolina do Sul como província independente do restante do país. Diante disso, o presidente dos EUA durante a condução da Guerra Civil norte-americana, Abraham Lincoln, evitou a separação de seu país em dois, uniu as variadas ideologias políticas do norte, controlou o progresso militar do sul contra o norte, e através do ato de emancipação pela décima terceira emenda da Constituição, declarou livre todos os escravos. A abolição ocorreu devido às medidas tomadas pelo presidente, como a limitação da escravatura, culminando na desintegração de países do sul e consequentemente na Guerra de Secessão (1861-1865). A histórica disputa entre o sul e o norte é um dos grandes motivos que iniciou o confronto: no sul prevalecia a preocupação em manter o modelo econômico agrário e a soberania racial branca; enquanto que no norte predominavam movimentos abolicionistas e o sistema econômico preponderante era o industrial. O conceito de expansão por parte do sul rumo ao norte era a justificativa de que cabia a cada território decidir questões de comércio estratégico, o que afligia o norte, no contexto da extensão. A expansão para o oeste acentuou a oposição entre sul e norte. O sul tomou a iniciativa e conquistou vitórias, porém o norte era mais fortalecido, o que modificou a situação, o poderio industrial e bélico do norte acabou por beneficiá-lo.
      Algumas obras cinematográficas que contextualizam-se com o sistema de escravidão nos EUA são: “The Birth of a Nation” que retrata a luta de um homem na busca pela libertação de seu povo, baseando seu movimento em princípios religiosos; “12 Anos de Escravidão” que demonstra a realidade e luta pela sobrevivência dos negros submissos ao regime; “Amistad” que remonta à captura de escravos, e a rebelião das “mercadorias” contra os captadores brancos em pleno navio; “Lincoln” que retrata a trajetória do presidente dos Estados Unidos e como o mesmo lidou com os maiores momentos de tensão em seu governo, no âmbito da escravidão, apresentando as atitudes de Abraham Lincoln como motivo de honra e orgulho ao legado que o presidente deixa à nação norte-americana; “Tempo de Glória” que concerne à luta entre soldados e confederados; e “E o Vento Levou” trama que desenrola-se e é influenciada pela guerra civil norte-americana. Houve também abolicionistas importantes, que lutaram pelo fim da escravidão, entre eles, destacam-se: Harriet Elizabeth Stowe, cuja obra fora publicada em 1852; Harriet Tubman, americana abolicionista durante o período da Guerra Civil; John Brown, convicto abolicionista que liderou um massacre e foi preso e enforcado; Frederick Douglass, escritor estadista e reformador social; David Walker, escritor e ativista anti-escravista; Sojourner Truth, defensora dos direitos femininos e abolicionista afro-americana; William Garrison, jornalista e ávido defensor de ideais de emancipação e Nat Turner, escravo e líder de uma revolta de negros na Virgínia, que ocasionou inúmeras mortes.

“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”
                                                                                        Abraham Lincoln


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
Número de vezes que este texto foi lido: 52869


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Literatura feminina Flora Fernweh
Sonetos Ah mar (ço) Flora Fernweh
Crônicas Temor à técnica Flora Fernweh
Crônicas Bissextagem Flora Fernweh
Crônicas Textos ruins Flora Fernweh
Contos Um gato na campina Flora Fernweh
Crônicas Crônicas de Moacyr Scliar - impressões pessoais Flora Fernweh
Artigos Exílio, de Lya Luft - impressões pessoais Flora Fernweh
Poesias Confins de janeiro Flora Fernweh
Crônicas Crítica ao fluxo de consciência Flora Fernweh

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 383.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68972 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57894 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56715 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55790 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55042 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54941 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54838 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54816 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54725 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54712 Visitas

Páginas: Próxima Última