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Como mil sóis
Matilde Diesel Borille

Lança os olhos pelos lados.
O girassol mais bonito do horto é seu, raios de sol entrando nos seus olhos; pintado como pássaro cantando,
é de quem o ouve cantar;
mas, engolido pela chuva,
a flor do sol, é da chuva.
Acena-lhe, pois, um adeus,
coração ajoelhado,
a realeza divina se manifesta na criação.

A casa de face graciosa,
é um bom lugar para se viver,
se dentro dela se fala sobre tudo, inclusive sobre o amor,
mas se nada se fala,
nem mesmo sobre a dor,
é apenas um lugar para se estar a dizer: tivesse eu asas como o passarinho,
ir-me-ia bem longe morar.
Relança, pois, um olhar novo sobre tua casa.

A Verdade é luz, fulgurante e dourada, "qual um milhar de sóis como mil sóis";
de nada adianta comprar um castiçal de vela só para ela,
pois, se temos os olhos do coração nas trevas só as trevas nos farão companhia.

Delicioso é buscar ao mesmo tempo,
luz e mistério divinos, porém, maravilhoso, é sentir que essa busca tornou nossos olhos bons.


Biografia:

Este texto é administrado por: MATILDE DIESEL BORILLE
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