No lusco-fusco da vida
o espírito navega incansável
no universo de luzes que o rodeia.
Chama e clama por redenção
e atira-se incauto dos céus
para o inferno.
O luzeiro que chamejava
seu interior de brilhantes
e cristais requintados
fugiu massacrado
pelas vozes cruéis
e dizimado pelas constantes
idas e vindas, descer e subir
de amores aventados.
Inclina-se diante da borda de luz
que o rodeia e olha incrédulo
o que construiu por não calar.
Feriu!
Feriu demais saber e ter revelado.
Ferida de morte talvez eterna.
Descambou-se o último pano.
Acabou o ato.
Dobra-se agora em direção
de si mesmo para fechar-se
tal concha marinha outra vez.
É sua sina, é seu caminho,
como disse o poeta,
que causa dores bem fincadas,
prá fazer chorar e remoer a alma
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