Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A magia ainda não acabou
(O Retorno de Mary Poppins e a Disney ainda sabe mexer com a cabeça dos fãs)
Roberto Queiroz

Não entendi a parcela da crítica de cinema dos jornais que disse que o filme O Retorno de Mary Poppins, continuação do clássico da Disney de 1964, apesar de divertido e visualmente apaixonante, é a prova viva de que a magia do gênero se perdeu. Discordo em gênero, número e grau.

Na verdade o que vem acontecendo nos últimos anos em hollywood é um festival de remakes e spin-offs desnecessários e feitos para se tornar caça-níqueis num período absurdo de tempo. Contudo, é louvável o esforço de diretores como Rob Marshall em interpretar grandes clássicos desse mesmo cinema.

Nos últimos anos a Walt Disney Pictures vem reapresentando ao público suas animações clássicas em forma de longametragens live action bem como trazendo projetos do passado em versões, digamos, mais sofisticadas, para atender não somente aos saudosos da época em que o estúdio era a única referência no setor, bem como novas plateias. Prova disso são as versões atualizadas de Mogli, A bela e a fera, Malévola (que traz a bruxa má como protagonista), Christopher Robin (que traz a história do Ursinho Pooh sob o viés de Cristóvão numa versão adulta) e tantos outros.

Porém, a priori, com O Retorno de Mary Poppins, a tarefa parecia mais complicada, tendo em vista a difícil tarefa de substituir a dupla Julie Andrews (atriz que marcou minha infância de forma ímpar) e Dick Van Dyke. Pois bem: Rob Marshall - que já enveredara pelo musical com Chicago, vencedor de 6 Oscars - traz Emily Blunt para assumir a árdua tarefa de interpretar a protagonista e decide seguir a cartilha clássica do gênero, sem abusar de invencionices estéticas (algo que nos últimos anos vem estragando muitos projetos até então alardeados como boas promessas).

Os filhos de Gordon Banks, Michael (Ben Wishaw) e Jane (Emily Mortimer) cresceram e ele, mais do que isso, casou-se e teve três filhos, Anabel, John e George. Com o falecimento da esposa e o acúmulo de divídas junto ao banco onde trabalha a família se vê na iminência de perder a casa onde construíram todas as suas lembranças. E é nesse momento que a babá mais famosa da Disney aparece para ajudar a consertar as coisas.

Mais uma vez, assim como no original, a mistura entre animação e personagens reais é muito bem utilizada, e dessa vez aprimorada (tendo em vista que, após mais de 50 anos, a tecnologia de produção melhorou muito!). E o resultado é mesmerizante, multicolorido, esteticamente impecável e repleto de um humor ingênuo que, cá entre nós, anda em falta no cinema americano dos últimos anos.

Há presenças ilustres como Colin Forth na pele do banqueiro Wilkins, Meryl Streep, a queridinha do cinema hollywoodiano, vivendo a prima de Mary Poppins, Topsy e Julie Walters (mais conhecida aqui no país por seus personagens nos dois Mamma Mia) como a empregada Ellen, mas nada que ofusque a graciosidade proposta pelas três crianças, que aqui parecem ter mais apelo do que no filme original. Pelo menos, eu tive esse sensação!

O grande acerto de Emily Blunt é não tentar imitar Julie Andrews. Ela encontra sua própria voz numa personagem cujo carisma é mais do que indispensável. E se é verdade que, por um lado, ela carece de um parceiro de aventuras à altura, pois o Jack de Lin-Manuel Miranda, está à anos-luz de distância do Bert de Dick Van Dyke (que, aliás, fez participação especial no longa), também é verdade que ela dá conta do recado numa história que precisa ser alegre a maior parte do tempo para conquistar as novas gerações de filmes.

Entretanto, há temas um pouco baixo-astral nas entrelinhas da trama. Como, por exemplo, a tia Jane, solteirona, que herdou um pouco da personalidade da mãe, então sufragista, e prefere lutar pelos direitos dos menos favorecidos em passeatas e manifestos do que encontrar sua alma gêmea e o banqueiro inescrupuloso, que tentará de tudo para pôr as mãos na casa da família Banks. Mas nada que afete o brilho e o sentimento de nostalgia do filme.

Voltando aos críticos xiitas e reclamões, que disseram ter a história perdido a sua magia. Recomendo-lhes que dêem uma nova chance ao filme. O Retorno de Mary Poppins mostra mais uma vez porque a Disney continua encantando gerações ao redor do mundo e seus concorrentes continuam com, pelo menos, um pé atrás no quesito conquistar plateias.

Longa vida à casa do Mickey Mouse. E que venham Dumbo e Alladin (já em fase de produção)!


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
Número de vezes que este texto foi lido: 52922


Outros títulos do mesmo autor

Artigos O triunfo da mentira Roberto Queiroz
Artigos O ator mais icônico da minha geração Roberto Queiroz
Artigos Clássico revisitado Roberto Queiroz
Artigos 50 anos de uma história bem contada Roberto Queiroz
Artigos Defina relevância Roberto Queiroz
Artigos A invenção do século que passou Roberto Queiroz
Artigos Um banquinho, um violão, um adeus Roberto Queiroz
Artigos Quem detém o conhecimento? Roberto Queiroz
Artigos Cada um no seu quintal Roberto Queiroz
Artigos Vendendo a alma Roberto Queiroz

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 188.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Coisas - Rogério Freitas 54659 Visitas
1 centavo - Roni Fernandes 54587 Visitas
frase 935 - Anderson C. D. de Oliveira 54564 Visitas
Ano Novo com energias renovadas - Isnar Amaral 54371 Visitas
NÃO FIQUE - Gabriel Groke 54318 Visitas
Na caminhada do amor e da caridade - Rosângela Barbosa de Souza 54308 Visitas
saudades de chorar - Rônaldy Lemos 54270 Visitas
PARA ONDE FORAM OS ESPÍRITOS DOS DINOSSAUROS? - Henrique Pompilio de Araujo 54206 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 54101 Visitas
Amores! - 54059 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última