Vou, acreditando nas flores às vossas mãos,
navegando só, no interior do caudal reduzido,
como que engolida pelas águas verdadeiras
de uma lágrima, apenas uma ínfima lágrima,
entre as muitas veladas que rolam pela beira
da ilusão que afoga em uma fuga do resgate.
Vou, como que seduzida por força de atração,
pisando espontânea os espinhos do vale florido,
inevitável, é ser tentada a abrir caminhos e entrar
em sonhos feitos de barro e de bronze fundidos.
Vou, é possível que eu o precise e que me segure,
com íntimas vestes de santa rumo à visão do paraíso,
porque o prefiro, à calma solidão eternamente sentida.
Vou, recolhendo lascas, minh'alma sendo esculpida,
acariciada pela ideia de adormecer num leito à relva,
oásis de verdor, imerso no silêncio que palpita vida.
Confesso, meu coração, à noite, oculta-se a observar,
quem é que me saberá andarilha senão meu próprio olhar,
que é uma tela na qual se fixa a imagem que se julga última,
minha embaraçada alma tocada pela paz que tanto procurou.
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