Os olhos pareciam
De terra,
Cara de quem
Não se conhecia.
As vezes eu escutava
Um som estridente,
Escutei seu ranger,
E deitado, esperei a
Morte.
Era de um brilho
Intenso, e tamanha era a
Covardia, e
Me entortou e torceu
O calcanhar,
Então gritei:
-"Roguem por mim,
Porque, mais belo foi
O ventre de minha mãe
Do que os gritos da minha
Morte.
Assim, seja eu
A repetição do meu
Ontem, ou
Quando lá estava
Viva a minh'alma,
Serei como os que passam,
E passam correndo,
E chorando, e dizendo:
-"Quem é você? "
Não quero morrer
Como um gesto de despedida,
Nem quero viver tapete,
E repetindo meus juramentos.
O que fiz?
O que fiz?
Agora minh'alma chora,
Meu peito chora
E meu choro chora.
Minha saudade chora.
Me salve,
Me salve,
Me salve,
Pois é transparente
O que vejo,
E morreu numa madrugada.
Com duas palavras
Gritava
Para as sombras na parede.
"Me salve!"
Mas logo vou, e
Vou para uma ponta
De lapiseira,
Ou o grafite que nela se aponta.
E vou, vou,
E já fui parar em sua
Gaveta, ou talvez
No teu caderno.
E o que fiz?
O que fiz?
Mas eu fiz porque tive
Que fazer,
E as sombras do meu passado
Diziam e gritavam:
-"Faça! "
Pois estava de cabeça baixa, e baixo eu me tornei.
E continuavam as sombras:
-"Mais certo é a solidão
Da morte,
Quanto a própria morte,
E sorte daquele
Que se prepara para o
Fim dos tempos."
E como estou vendo?
O que vi?
Será isso, a verdade
Em meus olhos?
Seja tal qual
Um velho livro jogado
À mesa.
Esta à qual escrevo,
Lhe digo que,
Antes de meu
Arrependimento chegar
A morte já havia
Triturado e corroído
Meus ossos e alma.
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