Nas tempestades
Corro sem razão.
Onde estás?
Onde estão
Os guardas da cidade?
Não é de mim
Os teus medos
Mas, logo,
O livro do julgamento
Vem,
E onde
Estarão
Os guardas da Campanela?
Tropeço,
E esqueço
Quem era eu
Diante dos reis
E cleros,
E acabei morrendo
Para os povos da terra.
Rainha Branca:
"-Tragam-me o plebeu,
Pois dele é a corda
E os cordões do
Inferno."
E pelo meu pecado serei
Julgado,
E o juíz
Terá em mãos
Seu cutelo,
E eu serei o bárbaro
Animal,
Pronto para o abate.
Rainha Branca:
"-Tragam-me o homem que se
Diz são e livre
Das amarras da terra
Pois dele será a cova
Já feita
Pelos anjos e demônios."
"-Meu Deus, o que fiz
Para merecer tal pesar em meu peito?
Guarda, pois, a alma de minha
Amada, e trate de me arrancar a língua
Diante de minhas palavras porcas."
E chegando, pois os guardas
Diante do plebeu,
Lhe trouxera para a Rainha Branca,
E assim pois foi
Colocado, dentre um nó
De espinhos,
O último suspiro
Do rapaz,
Que agora morrerá
Pelos prazeres carnais,
Tal qual
Amar.
"Diante de seus juízes
E acusadores, foi feito assim
Ao plebeu,
Morto, e dilacerado,
Retiraram então suas entranhas,
E as deram para a Rainha Branca.
E em seu quarto,
A Rainha sussurrando
Disse:
"- Perdão minha filha,
Mas tinha que ser.
Ele era carne para os porcos
E tu era jóia dos reis,
Então tinha que ser."
E se escuta o gemer e berrar
Das almas,
E a filha jaz morta
Gritou:
"-VOCÊ ME ABANDONOU,
ME JOGOU PARA OS CÃES INFERNAIS!
NÃO FOI ELE
QUEM TINHA EM MÃOS
A MINHA VIDA,
PORÉM, TU
MÃE,
MULHER ADÚLTERA
SEGUROU A FACA EM MEU PEITO
E ME FEZ POBRE DE CORPO
E ALMA.
"-Mas era necessário!
Era necessário!
Era necessário!"
"-Então será necessário a tua morte,
E a tua morte trará vingança
Para mim,
E justiça para o plebeu."
E foram abertos os
Sete portões da
Dor, e estavam lá
Aquele que cria e
Aquele que destrói,
E corroeu assim
A suave pele da Rainha Branca,
E então foi dado à ela
Um colar de viceras
E posta em suas mãos
Correntes de fogo,
E diante toda a terra,
Foi assim envergonhada,
Pois ali estava a face do mal
E de toda a injustiça.
E lhe foi cortada a língua,
E lhe arrancaram os olhos,
E lhe ensurdeceram os ouvidos,
Pois assim diz o bardo:
"-Todo aquele que ama terá a justiça
E não escapará dela,
Porém aqueles que são maus
E impiedosos,
O mundo será mau
E impiedoso para estes."
E assim cessa a tempestade.
E assim cessa a tempestade.
Assim cessa a tempestade.
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