Silêncio, incerta presença
que meu direito tenta abraçar
vai colhido pelo vento a voar
pegar andorinhas em pleno voo.
Melhor, não o reprimir,
quando ligeiro sobe leve
num alegro de bravura.
Antes, deixá-lo imergir
em uma penumbra diáfana
que dê a sua beleza tons
de maviosa cristalinidade,
para, logo após, vê-lo
em docilidade voltar,
- o silêncio sempre volta -
puro, como puro já era,
ali onde parece ter sido roubado,
entre as palavras e os versos,
dentro do poema que acolhe
os barulhos e outros absurdos
do mundo,
e "Oh, não se pode evitar",
algumas vezes da vida,
discutida aos gritinhos,
meio de susto, meio de raiva,
e creio do espírito nada acolhe,
que às vezes ele bate as asas,
e lá se vai sem dizer se volta,
e quando volta nunca volta o mesmo.
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