Ali estou sentado á beira da rua.
Cabelos tão curtos que mais pareço ausente deles.
Outras crianças, coleguinhas ou não, correm para lá e para cá.
O homem velho mais ao fundo, na varanda de paus, limpando alho, formando réstias.
A mulher sofrível vez por outra, surge na janela encardida que há muito fora amarela.
" Vem para dentro moleque, te quero aqui a me ajudar ".
O velho me olha brusco, me faço de invisível para eles.
A professora passa ali em minha frente.
Me cumprimenta e nada ouve.
" O que houve contigo hoje ".
Aquele homem lhe diz que desde o inicio do dia estava assim.
A mulher sai daquele fornaço de cômodo, limpa as mãos várias vezes.
Naquele avental de estampa publicitária de um já extinto posto á beira de estrada.
" Não quer entrar, tomar um cafezinho ".
A pofessora sempre sorridente, que me causava náuseas, rejeita o pedido trazendo a modéstia e cortesia aos lábios.
" Para uma outra vez ".
Vejo ela seguir para a escola.
Já disse aos gritos, hoje não vou.
Horas depois o caminhão pára, desce o meu troféu.
O velho finalmente quebrou o azedume e me deu a tão sonhada bike.
Azul escuro, do jeito que eu quis.
Me fez sorrir, sonhar acordado.
Beijos e abraços, junto a promessa de nunca mais birrar.
TE AMO MEUS PAIS.
22042019......................
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