Mil Tons Em Nascimento |
Pra Bituca |
Jorge da Silva Aguiar |
Resumo: Diz a sabedoria popular que após a tempestade, sempre vem a bonança, assim como após o rigor do sol ardente vêm as águas, qual bálsamo, reciclar a natureza. O trabalho de Mílton Nascimento sempre representou para mim um oásis no Brasil árido de liberdade e solidariedade, em particular nos anos de minha infância e adolescência, décadas de 70 e 80. Este poema, fruto da onda de esperança que contagiou o país a partir do ocaso da mais recente e lastimável ditadura militar que se abateu sobre nós:(64-84), chegou-me como uma ventania e inundou-me sobremaneira que, nos pátios verdejantes da Faculdade de Direito da UFBA, dei à luz, esse que considero um dos meus mais inspirados trabalhos. |
Nasceu hoje um novo dia
Que a História não esquecerá
É o tempo que mãe dizia:
- Meu filho, há de chegar...
Fizemos a Travessia
O barco já ancorou
E através de novos mares
A morte fugiu a nós
O vento a me perseguir
O sol a me procurar
Tão forte os sinto em mim
Convidam-me a sonhar...
O mundo que se perdia
É o mesmo que agora achei
Por ele vidas se iam
Morremos mais de uma vez...
Rompemos todos arames
Farpados no coração
E o canto tornou-se uníssono
Que Deus, lá do céu, ouviu...
O vento a me perseguir
O sol a me procurar
Contando novos segredos
Mil tons a nascer no ar...
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Jorge Aguiar
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