Se achas que está em liberdade
por que essas algemas da insaciedade
a te inflingirem penas tão duras
tu que andas num país de noites escuras?

Se te achas em plena vigência de escolha
por que este vinho amargo que bebes devagar
e essa seca filha de árvore chamada rolha
que te obriga um silêncio atordoante vivenciar?

Se achas que pode por no papel a escrita
que derrama o canto de tua alma aflita
me diga por que essa borracha ao lado
não vive desocupada e muito tem apagado?

Se te achas cordeiro numa pátria de lobos
e vives furtivamente entre sebes a fugir
diga-me do que é feita essa coragem de tolo
se não enfrentas os inimigos do teu próprio país?

Se achas que chorar pode fazer sumir o sorriso
mostre os dentes num esgar de fúria e alegria
para que todos vejam o necessário e o preciso
num pomar de palavras repleto de poesias...

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