“um escritor é alguém que pacientemente,
tenta descobrir o segundo ser dentro dele...”.
(Ohran Pamuk)
Aquela tarde de verão foi especial porque Júlia e Luísa Du Bois descobriram o seu segundo ser dentro das expressões e juntas fizeram a letra de uma música e, assim, mediram suas capacidades culturais e literárias. Sem medo de serem felizes, ousaram alcançar seus interesses quando da construção da poesia rimada: Vou Te Dar Meu Coração // Vou te dar meu coração / Vou te dar meu coração, / dentro dele há uma canção. / Posso qualquer coisa falar / para te impressionar. // Um poema pode recitar, / para me impressionar./ Venha vamos cantar e dançar! // Vou te dar meu coração, / dentro dele há uma canção. / Posso qualquer coisa falar / para te impressionar.// O amor irá te fazer cantar comigo. / E a amizade irá nos fazer encontrar um amigo. / E a felicidade te fazer dançar. // Vou te dar meu coração, / dentro dele há uma canção. / Posso qualquer coisa falar / para te impressionar”. Segundo Alberto Martins, “Penso que o ponto de partida fundamental para um bom poema é o ritmo”.
O escritor é tomado por um sentimento, o que faz com que ele, de forma inexplicável, desvele o mistério no jogo de sedução das palavras. A questão é que, na hora da criação e da conquista, ele é o representante do coração. É isso mesmo, ele é sensível e está predisposto a notar tudo o que acontece ao seu redor, porque “enxerga” com o coração. E isso inclui os detalhes, como no livro infanto-juvenil, Coração de Vidro, de José Mauro de Vasconcelos, com histórias passadas na fazenda, onde o autor incita o leitor ao amor à natureza e as suas criações.
O que nem sempre corresponde à expectativa do coração, pode parecer uma incógnita para alguns e explicações para outros, é o enigma. De um lado o coração está ligado ao afeto e, de outro, ao instinto de sobrevivência e, isso aumenta as chances para escritor se inspirar. Maria Dinorah retrata no livro de poesias, Coração de Papel, para o pequeno leitor, “... E o coração da gente / é realejo / que ficou de banda / onde as crianças / brincam de ciranda...”. E o livro Corações de Pedra, de Ganymédes José, também de literatura infanto-juvenil, trata dos conflitos existenciais na vida de todos nós.
Sabe-se que o escritor, no jogo para desenhar palavras, usa a motivação como sinal de entendimento como o do envolvimento afetivo, para expressar o que considera relevante, como demonstra Érico Max Müller, “o que eu proponho é se erga de vós / a mágica do coração...”.
Impressionante como o pensamento pode decifrar o enigma: coração. Essa simples mágica marca o caminho percorrido como trajeto que dá a resposta desejada na busca pela essência das palavras, como em Hugo Mund Junior, no livro Véspera do Coração: ”Pleno, o coração te acolhe. / Festivo, / faz-se lírio o dia. Agrado, atenções, coisas miúdas...”
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