Meus pés reclamam tantos passos apertados, desencontrados, inchados, quentes e vermelhos.
Pés incomodados, primitivos, dançantes. Antes eram apenas membros educados do corpo cumprindo a função de sustentá-lo.
Esses pés hoje me traem e alegram do engano de não ser apenas pés,
Eles exigem movimento e eu apenas os atendo.
São ansiosos do novo, os pés são o povo, que mesmo parado se move,
ligado a terra enraiza a verdade em manter o corpo ereto, guerreiros do futuro os pés são duros e leves quando necessário prontos pra sair do lugar, os pés nasceram mesmo pra sambar!
Se ficam parados eles travam presos aos sapatos, os pés merecem ficar descalços pra sentir o mundo a humildade, nudez comum e humana, na lama os pés massageiam a alma, batidos no chão convidam a cantar...
São poucos os que reconhecem sua importância, pela ânsia e avidez de ser visto, cuidado e tratado de maneira justa, os pés em luta encontram outros para o real sentido de militar, desatar os nós que a nós interrompem a fala de então deve ser os pés a fonte da expressão.
Aos pés de um governo que ignora os pés na nação, eles tentam
E tentam...
Pés caminham, dançam, atuam
Tingem os muros da cidade
São esses pés acordados pelos tambores que me representam
Só consigo acreditar em um governo
Que saiba dançar com os pés.
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