Sei que sou de carne e osso
e com eles sigo e sei que posso
subir em árvores e descer ao rés do chão,
me conectar ao vasto silêncio do universo,
estar do lado de fora e dentro da imensidão...
Sei que és como eu,
queira ou não,
complexos ritmos batendo no breu,
inseridos na sinfonia da compaixão...
Somos as promessas do futuro,
saltando obstáculos cruéis,
os que querem enxergar no escuro
quem indica caminhos sem cordéis...
Brinco com o cão, afago o gato,
brincas com o fogo, a gasolina,
andamos sem rumo pelo mato,
somos peças da mesma oficina...
Sei que sabes o valor da palavra,
da palavra a seiva que lhe corre nas veias,
nas veias e artérias do mundo que nos lavram,
lavram a ata escrita na ampulheta de areia...
Sei que sou a soma de átomos e possibilidades,
sei que és a íntima verdade da alma que se recria,
sei que somos a memória da primeira e única verdade,
sei que seremos a carne doce e quente da mesma poesia...
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