“O nosso menino / Nasceu em Belém. / Nasceu tão somente / Para querer bem...” (Manuel Bandeira)
Um piscar de olhos e estamos no Natal: dezembro, mês da reflexão e dos desejos. É o momento para recriar e inovar caminhos, para aumentar o nosso bem estar com a satisfação por fazer parte da vida.
O Natal tem a cor da alegria; encanto da magia que se mistura com nossos desejos. Seu espírito tem o dom de espalhar o amor. Como no livro infantil “A Véspera de Natal” – uma história para tocar e sentir, de Clement C. Moore e Debora Jones.
Todos os anos se repete o brilho do Natal em nossos corações: sentimos a felicidade no suspiro da emoção. Pensamos em dias melhores, em que as horas passam sem percebermos o tempo, onde vidas se cruzam enquanto nos confraternizamos no Natal. É legal customizar os nossos desejos: amando, entendemos o gesto puro, quando doamos o tempo, sorrimos e oferecemos um abraço. Para Armindo Trevisan, “... o Natal deve ser uma festa alegre... O que torna feliz o homem é a fé, a esperança e o amor... Compreendamos, sem retórica, que o Natal é a festa da intimidade... que nos liga à nossa infância, e que nos conduz da vida que hoje vivemos, a ela, verifico que esse maravilhoso fio nos conduz sempre a uma “outra vida”, a uma outra infância: a que desejaríamos ter vivido”.
Lembro-me dos natais em que reuníamos amigos e familiares. A árvore era grande, colorida e decorada. O Papai Noel chegava carregado de presentes. A ceia servida a todos e assim sentíamos a leveza no desejo pela comemoração: união e carinho.
Sabemos que sempre haverá uma lágrima para sentirmos ser o tempo passado lembrado com a mensagem do Natal, onde o sonho e a poesia descrevem o tempo da magia na luz brilhante da estrela guia. No reflexo da lembrança que o desejo nos embala no Natal e renascemos na canção do vento. Armindo Trevisan disse que “Como poeta, também me arrisquei a escrever poemas de Natal. Como não escrevê-los uma vez que o poeta também foi criança?...”. Charles Baudelaire completa ser “A poesia é a infância reencontrada”.
O símbolo mais natalino reside no desejo de cada um; é referência, fantasia e magia de infância. São bons momentos, aliados à transmissão de valores sentimentais e fundamentais, que alimentam a nossa alma e dão à imaginação plenos poderes para que enfrentemos os desafios da realidade. Revivemos a magia da infância ao confirmar a solidez dos traços que nos unem no Natal, como em Ruben Braga no livro Nós e o Natal.
Ao dizermos em palavras simples que o Papai Noel representa a bondade e a solidariedade, estamos nos encorajando a reviver o encanto do Natal e, misteriosamente, surpreendemo-nos na descoberta da verdade: Papai Noel não existe e, mesmo assim, alimentamos a imaginação das crianças ao ajudá-las a lidar com a realidade, porque experimentam a sensação de enfrentar novas situações e mistérios do que ainda não compreendem; atitude que lhes permite olharem para o lado da fantasia, no trabalhar, antes das significações e dos conceitos, o desejo de existir.
O Natal é reviver a magia da infância; a ilusão que ilumina e clareia nossas vidas, como demonstra Cris Dakinis, “Um feliz Natal / pro povo do bem / pra quem é alguém / que se for igual / ao Próximo que vem, //... sonhos ideais... / São anos iguais? //... Pro ano que vem, / sonhe com vontade / um Natal de verdade / e Amigos Iguais. / Precisa de mais?...”
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Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |