Cacei palavras como um caçador faz na floresta,
amontoei armadilhas de pegar versos voadores,
mas nenhum de valor, nenhum que se presta
a uma poesia foi capturado, só blues e dores...
Desmontei as aratacas e fui dali pra bem longe,
lavei as mãos do sangue de hai-kais infantes,
quase fugi do mundo, me tornei calado monge,
num lampejo de olhar vi no chão os brilhantes...
Miúdos fonemas espalhados ao largo do campo,
imberbes, felizes, de asas, besouros, joaninhas,
a terra ria de coceira sob tão lindo manto,
a poesia plantara com suas mãos de avezinhas...
De caçador a jardineiro, disso a lavrador,
fiz que fiz as armas sem gatilho e espoleta,
hoje sei de cor a cor que ouço numa flor,
poesias azuis, encantatórias, violeta...
Banjo toco e canto e tanto toco e canto
que o mal espanto com vaga-lumes num aluvião,
desfaço as malas da prosopopeia e tanto
canto e o banjo toco tanto, e de coração...
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