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Nunca durma em frente á espelhos
Sombra que te espia
Ana Vasconcelos

A noite era comum como todas as outras, porém a situação em que me encontrava era diferente do normal devido ao fato de ter me mudado para uma nova casa e estar com a mudança ainda por arrumar, improvisei um colchão no chão e só depois de me remexer por horas na cama temporária acabei percebendo a insônia que possuía, deparei-me com um enorme espelho embutido na parede, este era um daqueles espelhos de narcisista padrão, cobria a parede principal inteira e devido minha falta de atenção não tinha dado tanta importância para um mero objeto considerado comum até aquela noite em questão.   
        Me mudei para cá devido meu trabalho, que sofre transferências de local sempre que possível então devo me deslocar com frequencia, mas segundo as ultimas informações este caso do qual devo resolver vai durar um tempo maior que os outros então ao invés de alugar um hotel como das outras vezes decidi ficar mais aconchegado em minha própria possivelmente casa, então como consequencia estou aqui sozinho e para completar o pacote não fiz amizade com nenhum vizinho, não conheço ninguém da cidade onde me encontro e estou aflito por terminar esta pesquisa o mais rápido possível.
       Por volta das 4h da manha comecei perceber minha paranóia, se iniciou com o ato de me levantar e ir a cozinha beber algo para acompanhar um calmante qualquer, afinal de contas deveria estar de pé logo ás 7h para uma reunião de negócios. Chegando à cozinha me assustei com meu próprio reflexo no espelho do armário bar, então me apressei para voltar ao quarto, até chegar lá levei dois tropeções o que piorou ainda mais a adrenalina que sentia em minha cabeça, comecei estranhar a casa e observar coisas que não tinha percebido durante a manha em que fui dar uma olhada nela, uma dessas coisas era uma espécie de sombra que se encontrava na sala de jantar, não tinha luz para desenvolver aquela penumbra, mas ela estava ali, entre a mesa e o armário, na primeira vez em que passei próximo ao local vi uma sombra com o formato de um tronco humano e no caminho de volta para o quarto foi possível ver o formato de uma mão esticada na direção do quarto.
          Ouvi alguns barulhos e zumbidos, mas não dei tanta atenção novamente, pois como era novo na vizinhança não sabia os barulhos que os vizinhos poderiam fazer durante a noite, então foi taxado como algo normal, talvez pudesse ter até mesmo alguém pela redondeza com insônia assim como eu.   
      Voltando ao quarto me deitei e assustei pela primeira vez com o espelho, foi no instante em que puxei a coberta e troquei meus pés de posição, naquele espelho parecia que nada do que eu fazia era sincronizado, estranho se comparado com os demais espelhos, mas compreendi como sendo efeito do calmante que havia tomado minutos antes. Demorei a pegar no sono, mas acordei em um pulo ás 6h, pois havia sentido uma mão fria tocando minha perna e a puxando em direção a parede principal.
      As 7h chegaram mais rápido do que eu imaginava então me levantei ainda caindo de sono por ter tido cochilos corrompidos pela minha paranóia que não cessara nem se quer com uso de remédios, chegando à cozinha percebi que haviam varias coisas jogadas ao chão, desde o copo que usei na noite passada até os outros remédios que estava dentro de uma caixa, porém o único frasco que se mantinha intacto na pia era um placebo que eu usava para minhas faltas de ar que obtinha no passado, então fiquei mais assustado que o normal afinal de contas a falta de compasso do espelho, a sombra na sala de jantar, os barulhos e o puxão de mãos frios em meu pé foram entendidos por mim como sendo efeitos bobos que o remédio havia causado em mim.
        Mesmo não gostando de tirar fotos, nesse dia em especial apesar de estar com os pensamentos na noite passada decidi socializar com o pessoal da família enviando uma foto portando meu mais novo terno e adivinha só, usei o espelho do narciso que teve a brilhante ideia de instalar aquela enorme coisa num cômodo. Enviei a foto e fui para a tão esperada primeira reunião na cidade. Foi um dia normal de negócios e logo a noite caiu me fazendo voltar para a nova casa dos espelhos.      
        Nesta noite minha paranóia apenas continuou, digo isso porque desta vez uma penumbra ficou próxima ao espelho devido a luz do banheiro que deixei ligada e quando me virei ainda na cama improvisada tive a impressão de ter visto uma sombra refletida no espelho, mas esta aparentava ter um chapéu em sua cabeça. Coisa da paranóia. Dormi.
Eis que a manha chegou e logo que me despertei fui direto ligando o wifi devido ao fato do dia anterior ter sido corrido apenas tive este privilégio no momento em que enviei minha primeira foto utilizando meu terno para família.
        Então como passei o dia anterior sem conexão acabei ganhando uma chuva de mensagens em minhas redes sociais. Algumas das varias mensagens eram do grupo da família onde havia mandado a foto e nela meus familiares estavam muito assustados. O motivo?! Uma prima havia identificado uma sombra atrás de mim e esta se portava com um chapéu.    


Biografia:
19 anos. Cursando Contabilidade. A gente se encontra por aqui> ana.vasconcelloscommando@hotmail.com <
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Contos APAGUE A LUZ Ana Vasconcelos
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