Ao pé daquela casa onde vivo
Há uma árvore em vetusta solidão
Da qual se escuta, ao passar, tanto gemido,
Como se fora de um Poeta o coração.
Ninguém sabe de onde veio nem porquê!
O que faz ali num estático sossego?
Além da árvore que é árvore ninguém vê
Que traz dentro de si a poesia por apego!
Espalha pela rua a magia de um sorriso
Triste, só, ao vento, seja noite ou seja dia
Em diáfana presença procura alguém perdido
E seu corpo de silêncio embala melodia!
E o que faz aquela árvore, calada, rodeada pela era
No meio de uma rotunda, ao pé da minha casa?!
Presença cinzelada que nada diz nem me revela
Que sinto na presença de um silêncio que me abraça!
Que encanto dá à minha rua aquele mágico chorão
Dança todo o dia, chora toda a noite, canta e encanta ...
E Minh'Alma cheia de espanto, na parade, perto do chão
Vê uma lápide que diz: "Praceta Florbela Espanca"!
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