Certa vez, ao cair da tarde,
Passando pela Praça dos Poetas,
Sentei-me na Fonte ...
Fixei a igreja,
Triste, deslumbrante,
Grandiosa na fachada,
Num anseio fustigante
Numa Idade já cansada!
Estava ela em silêncio
Num estático sossego
Quando à noite
E aos olhos de quem sente
Altiva, imponente
Se ergueu do chão
Branca, cinzelada
Num olhar arrepiante!
Ao alto, duas torres
Em vetusta solidão
Dois sinos sobranceiros
Cada um com uma cruz
Janelas, pórticos, brasão
Uma grade bem de fronte
Com um, outro portão
Janelas com mil ferros
Varanda à meia torre
E um relógio que dá horas
Que afinal nunca são ...
No centro do não-tempo
Outra cruz dá-nos a benção!
Ao passar, mira-la não é vão
Porque a igreja mais parece
Uma tela de Monet
Na parede de um salão ...
Ou um verso de Florbela
Que invoca a solidão
De ser "pó, cinza e nada"
Numa imensa vastidão!
E tudo é breve!
Passa a vida e a gente ...
Mas na Praça dos Poetas
Fica ao alto para sempre
O Altar de Santo Antão!
P.S./ À Imponência da Igreja de Santo Antão cita na Praça do Geraldo em Évora.
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