Talvez a feiúra seja a coisa mais bonita que exista
já que possui o imperativo do “querer-ser”,
ao contrário da beleza que possui o “já-sou”,
imperativo de auto-definição,
sem nada mais vir a buscar ou alcançar...
O feio, quando alcança o “me tornei razoável”,
ainda busca o que lhe falta para um estado de contentamento,
um grão fora da estrutura que representa o conceito
de “perfeição descritível”, a mudança do mesmo
gerando a estátua aparentemente imóvel
que lhe dará o sentido de beleza
diante do espelho...
Alcançando tal estado, o feio, que vê no belo
os primórdios da razoabilidade estética,
se satisfaz dentro ainda de um estado de mutação,
sempre a procurar a imanência da beleza imponente,
onde se deitará no berço da criação para nascer de novo,
sem o conceito que lhe perpassa, de que a feiúra
é a antítese da beleza, criadora e possuidora
da perfeição.
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