Está um poço junto à Sé
Que dizem ser uma jazida
Uma tumba abandonada
D'uma dama já sem vida.
Não se encontram epitáfios
Junto à campa referida
Diz a voz daquela gente
Ser uma lenda muito antiga.
Uma Moira que era nobre
Foi amada d'um Cristão
Mas a jovem não o amou
E ficou sem seu perdão.
Foi lançada a esse poço
Por não ter amor p'ra dar
Foi fiel ao coração,
Ai coitada, por seu mal.
Diz a voz das gerações
Que sua alma lá ficou
E que em noite de vigília
Fala a quem lá pernoitou.
Dizem todos que lá vão
Cujo o amor seja sincero
Que ela escuta o coração
Golpeando o desespero.
Assim se conta na cidade
Sobre a Lenda deste Poço
Uma Moira encantada
Qu'inda espera por seu moço.
Só Évora acalenta
Tantos sonhos e vaidades
Que nesta terra se resguardam
No rescaldo das Idades.
P.S./ Versos em memória da Moira que se julga e conta tristemente sepultada nas águas do Poço junto à Catedral da Cidade.
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