Silvio Dutra
Jan/2017
“O qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (2 Cor 3.6)
Em qual sentido e contexto o apóstolo utilizou tais palavras, especialmente a citação de que a “letra mata”?
Vejamos o próprio contexto imediato:
2 COR 2
“17 Porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos.
2 COR 3
1 Começamos outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de vós?
2 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens,
3 sendo manifestos como carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração.
4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.
7 Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se estava desvanecendo,
8 como não será de maior glória o ministério do espírito?
9 Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério da justiça.
10 Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o é em comparação com a glória inexcedível.
11 Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece.
12 Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.
13 E não somos como Moisés, que trazia um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel desvanecia;
14 mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido;
15 sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles.
16 Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.
18 Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
2 COR 4
1 Pelo que, tendo este ministério, assim como já alcançamos misericórdia, não desfalecemos;
2 pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas, que são vergonhosas, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; mas, pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens diante de Deus.
3 Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Pois não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus.” (2 Cor 2.7 a 4.5)
Por todo este contexto imediato somos convencidos de que a afirmação do apóstolo de que a letra mata não se refere de modo algum à palavra escrita, seja na Bíblia, ou em qualquer escrito relativo às Escrituras ou mesmo à Igreja e às questões de fé, mas, a referência aqui é exclusiva ao ministério da Antiga Aliança, ou da dispensação do Velho Testamento, considerando-se a Lei como regra ou meio de governo da Igreja de Cristo, ou ainda como forma de aliança com Deus, porque isto é feito presentemente, pelo evangelho, que é segundo a graça, mediante a fé em Cristo.
Mas, pelo evangelho, se anula a lei? Antes, é somente por ele que a lei pode ser confirmada, conforme Paulo registra em Romanos 3.31, porque se a Lei na Antiga Dispensação foi escrita em tábuas de pedra, e dada ao povo para ser a regra de governo de Israel, na Nova Dispensação a Lei é escrita nas mentes e nos corações pela habitação do Espírito Santo.
Daí a citação do apóstolo de que a letra, ou ministério da morte ou da condenação, possuía uma glória inferior à do ministério da justiça ou do Espírito, que vivifica, ou seja, que gera a vida eterna.
Qual a razão desta citação?
Simplesmente porque a Lei não foi dada para salvar o pecador porque sem o concurso da graça de Deus pelo poder do Espírito, ela nada pode fazer neste sentido, senão apenas nos convencer que somos pecadores, e nos deixa aí, ainda impotentes e sem a vida que está em Cristo Jesus.
Deve ser considerado também que sob a Antiga Aliança, todo aquele que cometesse delitos graves deveria ser sentenciado à morte física pelos juízes de Israel na condição de guardiões da Lei, pois esta assim o exigia. Mas, debaixo da graça do evangelho, na Nova Aliança com Cristo, o crente está livrado da maldição e da condenação da Lei, porque o próprio Jesus se fez maldição no nosso lugar.
Assim, no ministério que é segundo a justiça do evangelho, no qual o próprio Cristo é a nossa justiça, podemos receber a vida eterna da parte de Deus, porque sendo justificados e livrados da condenação justa da Lei, podemos viver em novidade de vida em comunhão com Cristo Jesus. Por isso há esse contraste entre a Lei e a Graça, pois a primeira exerce o ministério de condenar para a morte aquele que transgredir a um só de seus mandamentos, e a Graça, ao contrário exerce o ministério de perdoar e justificar para a vida.
Agora, devemos considerar as várias implicações de uma incorreta compreensão desta afirmação do apóstolo de que a letra mata, pois, conforme dizer de D. M. Lloyd Jones, não há ninguém que seja mais perigoso para a instrução da Igreja de Cristo do que o ministro que é sincero, mas ignorante, porque ele apanhará porções das Escrituras e as interpretará fora de seu verdadeiro contexto, e assim, fatalmente ensinará coisas que em vez de afirmarem a verdade, podem ensinar justamente o oposto a ela - conforme é comum de ocorrer com esta citação já referida do apóstolo.
Disso decorre muita aversão à leitura, pela noção incorreta de que ler mata a vida espiritual, porque é dito que “a letra mata”.
E certas porções das Escrituras, também tomadas fora do seu contexto podem contribuir para reforçar este modo errôneo de interpretá-las, como por exemplo as seguintes citações do próprio apóstolo Paulo:
“17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;
18 porque não ousarei falar de coisa alguma senão daquilo que Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos gentios, por palavra e por obras,
19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o evangelho de Cristo;
20 deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;”
Observe que ao falar neste texto que Deus confirmava a Palavra pregada por meio de sinais e prodígios no verso 19, o apóstolo diz no verso anterior (18) que o seu ministério consistia naquilo que Cristo fazia por intermédio dele entre os gentios, quer por palavras, quer por obras.
Havia um ensino do evangelho por meio de palavras, não persuasivas de sabedoria humana, mas as palavras abundantes de sabedoria da revelação bíblica, conforme ensinadas pelo Espírito Santo à Igreja.
“17 Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda parte eu ensino em cada igreja.
18 Mas alguns andam inchados, como se eu não houvesse de ir ter convosco.
19 Em breve, porém, irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas o poder.
20 Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.
21 Que quereis? Irei a vós com vara, ou com amor e espírito de mansidão?” (I Coríntios 4.17-21)
Este texto é também muito utilizado para basear o argumento dos ignorantes que são contra a leitura e o conhecimento, pois é dito pelo apóstolo que “o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.” Agora, perguntemos que palavras são estas? O próprio contexto responde dizendo: “as palavras dos que andam inchados”, de quem o apóstolo queria conhecer o poder que eles alegavam possuir. Eram palavras de orgulhosos que afirmavam coisas contrárias à sã doutrina, e que assim não poderiam edificar de modo algum o povo de Deus, e também não possuírem qualquer poder real na ministração do evangelho, uma vez que o Espírito Santo autentica e concede o Seu poder onde somente a verdade é pregada e ensinada.
“3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro;
6 e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento.” (I Timóteo 6.3-6)
Outra passagem que é usada para tentar afirmar que a letra mata é a seguinte:
“1 E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
2 Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;
5 para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”
O que foi explicado anteriormente se aplica também a esta passagem das Escrituras, mas convém destacar que o apóstolo diz ter usado uma linguagem em sua pregação que não consistia em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em palavras que saiam de sua boca conforme a inspiração, unção e ensino do Espírito Santo. Convém lembrar que muito dessas palavras não consistiam em revelações frescas de uma verdade nova, porque o próprio apóstolo afirma que todo o seu ensino era segundo o que havia aprendido previamente de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
Ele se refere à sua própria fraqueza, temor e tremor, para que falasse de acordo com a verdade, exatamente como ela havia sido ensinada por Cristo e pelo Espírito Santo.
Diz-se de Lutero que ele chegava a ter febre quando se preparava para pregar e durante a própria pregação por temer falar alguma coisa que contrariasse a verdade revelada por Deus. De maneira que dedicou-se intensamente a conhecer a Palavra por meio de um estudo aplicado, para se prevenir de qualquer erro em sua ministração.
A sublimidade de palavras citadas no texto pelo apóstolo, é uma referência às palavras de mera eloquência humana que procuram convencer os ouvintes por argumentos persuasivos, e não pela exposição da exata interpretação da Palavra de Deus.
Por toda esta exposição podemos ver claramente que não é o fato de ter a mente cheia de conhecimento relativo à verdade adquirido através de leitura ou audição das coisas relativas à Palavra Deus que é condenado por Deus, ao contrário é recomendado e muito necessário para o nosso crescimento espiritual, mas o que condenado é encher a mente carnal de conhecimento também carnal, pois este para nada contribui para a edificação na verdade, antes a destrói.
Daí serem tantas as repreensões na Palavra de Deus contra aqueles que andam inchados em sua compreensão carnal.
Mas, bendito seja Deus por levantar mestres idôneos para o ensino da Igreja, como foram os apóstolos e tantos outros ao longo da história da Igreja, de modo que jamais nos desviemos da verdade.
O texto a seguir é uma comprovação do que temos afirmado:
“11 Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus.
12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus;
13 as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.
14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (I Cor 1.11-14)
É evidente, que a simples leitura da Palavra de Deus ou de textos relativos à Sua Palavra, não podem produzir o efeito espiritual esperado caso não sejam meditadas com espírito de reverência e em dependência do Espírito Santo, em busca de uma real consagração, porque é assim que a palavra escrita se torna espírito e vida, sendo aplicada às nossas mentes e corações.
Por falta deste requisito, não apenas o apóstolo sentia uma grande dificuldade para ensinar os crentes carnais de Corinto, do mesmo modo que nosso Senhor Jesus Cristo sentiu em relação aos apóstolos nos dias do Seu ministério terreno, pois não haviam ainda sido batizados pelo Espírito Santo – o intérprete da Palavra - mas lhes garantiu que eles seriam conduzidos a toda a verdade depois que recebessem o Espírito.
“1 E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo.
2 Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis;
3 porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens?” (I Cor 2.1-3)
“12 Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.
13 Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.” (João 16.12-14)
Então, é necessária a ação conjunta da leitura e meditação da Palavra, e do poder do Espírito Santo na aplicação da Palavra ao nosso coração.
Mas, como que para nos ensinar a nossa dependência do trabalho dos diversos membros no corpo de Cristo, na sua justa cooperação em demonstração de amor, Deus levantou apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para o propósito definido pelo apóstolo em Efésios 4.11-21:
“11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de varão perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;
14 para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro;
15 antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.
17 Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente,
18 entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza.
20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo.
21 se é que o ouvistes, e nele fostes instruídos, conforme é a verdade em Jesus,” (Efe 4.11-21)
Não há algo que Deus preze mais do que a Sua Palavra, porque ela é a verdade e a expressão exata da Sua Pessoa e Caráter.
Desta forma, como poderíamos agradar a Deus, sem o conhecimento e prática da Sua Palavra?
Como poderíamos aprendê-la sem um verdadeiro espírito de submissão, obediência e mansidão? O apóstolo Tiago diz que devemos receber com mansidão a Palavra de Deus implantada em nós. Afinal, o doador da Palavra é manso e humilde de coração.
O que não aproveita para a nossa regeneração e santificação não é a letra da Palavra, e não será por lê-la que morreremos espiritualmente. Horrível pensamento em relação a uma Palavra, que mesmo na parte relativa à Lei de Moisés, é santa, justa e boa!
O que mata é a carne, conforme dito por Jesus, pois as suas palavras são espirito e vida, elas são o pão vivo que desceu do céu pelo qual alimentamos o nosso espírito, pois também é dito que “vivemos de toda palavra que procede da boca de Deus”.
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (João 6.63)
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (João 17.17)
Não há verdadeira santificação sem a instrumentalidade da Palavra de Deus aplicada à vida. Pois, como poderíamos andar na verdade sem conhecê-la? Por isso somos ordenados a não somente crescer na graça, mas no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. E como isto é feito, senão e principalmente pelo avanço gradual e progressivo no conhecimento da verdade revelada nas Escrituras, na forma exata como ela está em Jesus?
Ninguém se iluda pensando que tem feito progresso em santificação, em crescimento espiritual genuíno, quando lhe falta este conhecimento do verdadeiro significado da revelação em seus diversos aspectos. Uma vez que é dito que Deus nos santificará segundo à medida da verdade, que é a Sua Palavra, aplicada em nossas mentes e corações. Esta aplicação será manifestada na transformação da nossa vida, à semelhança da pessoa e caráter do próprio Cristo.
Esta é a razão do grande peso que é colocado sobre a importância do ensino correto das Escrituras, porque é por meio dele somente que se pode fazer progresso em santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
“9 Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.
10 Se alguém vem ter convosco, e não traz este ensino, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.
11 Porque quem o saúda participa de suas más obras.” (2 João 9-11)
“Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.” (Romanos 15.4)
“3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro;
6 e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento.” (I Timóteo 6.3-6)
É doloroso para o Espírito Santo, que inspirou homens santos para a produção das Escrituras, e também para nós, ouvir referências à letra da Palavra de Deus como sendo algo desprezível e que mata o espírito.
Que grande pecado abominável cometemos contra Deus e contra a Sua Palavra que nos foi entregue com palavras escolhidas de sua própria boca, conforme foram transmitidas aos corações daqueles que ele chamou para escrevê-las e aos quais santificou para tal propósito.
O próprio apóstolo Paulo, por conta da grande sabedoria que lhe fora dada pelo próprio Senhor, é usado indevidamente em suas palavras pelos indoutos que as distorcem para a própria destruição deles, por interpretá-las fora do contexto de todos os escritos do referido apostolo, bem como de todo o conjunto das Escrituras.
Paulo, mais do que ninguém, amava a Palavra de Deus, amava a Lei do Senhor, e se aplicava a viver segundo toda a Lei de Cristo, na qual estava abrangida a Lei moral de Moisés, porque Jesus não veio revogar a Lei, mas cumpri-la.
Veja o que diz o próprio apóstolo em relação a isto:
“Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;” (Romanos 7.22)
“16 Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça;
17 para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.” (II Tim 3.16,17)
“14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,
15 e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3.14,15)
É importante destacar para a confrontação com a afirmação “a letra mata”, que aqui o mesmo apóstolo diz que as sagradas letras podem nos tornar sábios para a salvação.
Veja também o testemunho do apóstolo Pedro sobre a palavra revelada por Deus:
“19 E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações;
20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1.19-21)
“13 Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.
14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis, e em paz;
15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;
16 como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, nas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.
17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza;
18 antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.” (2 Pedro 3.13-18)
Glórias e graças sejam dadas a Deus pela Sua Palavra, e por nos ter dado ministérios para nos ajudarem na sua compreensão, de modo a podermos aplicá-la na sua correta interpretação às nossas vidas.
Sou muito grato ao Senhor por ter levantado, especialmente no passado, homens sábios que nos transmitiram os seus oráculos de maneira santa e piedosa, com grande entendimento espiritual, em poderosas mentes que haviam recebido dEle para poderem bem expressar as palavras da vida para o nosso entendimento.
Muitos podem ser destacados como os puritanos, John Angell James, J. C. Philpot, George Everard, e muitos outros, que nos faltaria o espaço necessário para citá-los. Como tenho aprendido sobre Cristo e sua vontade através do que escreveram estes eminentes servos de Deus!
De modo que a fé que me move vem por ler e ouvir esta palavra abençoada que procede do trono de Deus para vivificar o nosso espírito, e a nos conduzir aos caminhos do Senhor.
Especialmente quando é assim pregada, ensinada, comentada, inclusive pela forma escrita, a Palavra salta das Escrituras como espírito e vida, pois é através de vidas renovadas que ela deve ser apresentada aos seus ouvintes ou leitores.
“8 Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que pregamos.
9 Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;
10 pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
11 Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê será confundido.
12 Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!” (Romanos 10.8-15)
“17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;
18 porque não ousarei falar de coisa alguma senão daquilo que Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos gentios, por palavra e por obras,
19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o evangelho de Cristo;
20 deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;
21 antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão; e os que não ouviram, entenderão.” (Romanos 15.17-21)
Sem fé não é possível entender e praticar a Palavra. E sem a pregação e ensino da Palavra não é possível haver a verdadeira fé transformadora de vidas.
Bendita palavra escrita de Deus, que continua sendo como sempre foi, o que ele diz pela boca do profeta Jeremias: “Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?”
“1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres;
2 para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os guardes, para que te vá bem, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor Deus de teus pais.
4 Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
5 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos;
9 e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Deuteronômio 6.1-9)
“Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.” (I Tim 5.17)
“19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28.19,20)
“97 Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha meditação o dia todo.
98 O teu mandamento me faz mais sábio do que meus inimigos, pois está sempre comigo.
99 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.
100 Sou mais entendido do que os velhos, porque tenho guardado os teus preceitos.
101 Retenho os meus pés de todo caminho mau, a fim de observar a tua palavra.
102 Não me aperto das tuas ordenanças, porque és tu quem me instrui.
103 Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! mais doces do que o mel à minha boca.
104 Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade.
105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho.
106 Fiz juramento, e o confirmei, de guardar as tuas justas ordenanças.
107 Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.
108 Aceita, Senhor, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, e ensina-me as tuas ordenanças.
109 Estou continuamente em perigo de vida; todavia não me esqueço da tua lei.
110 Os ímpios me armaram laço, contudo não me desviei dos teus preceitos.
111 Os teus testemunhos são a minha herança para sempre, pois são eles o gozo do meu coração.
112 Inclino o meu coração a cumprir os teus estatutos, para sempre, até o fim.
113 Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei.
114 Tu és o meu refúgio e o meu escudo; espero na tua palavra.
115 Apartai-vos de mim, malfeitores, para que eu guarde os mandamentos do meu Deus.” (Salmo 119.97-115)
“7 A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.
8 Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos.
9 O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos.
10 Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos.
11 Também por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande recompensa.” (Salmo 19.7-11)
“1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus;
2 e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Tim 2.1,2)
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o pleno conhecimento da verdade que é segundo a piedade.” (Tito 1.1)
“5 E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude o conhecimento,
6 e ao conhecimento o domínio próprio, e ao domínio próprio a perseverança, e à perseverança a piedade,
7 e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (2 Pedro 1.5-8)
“28 Então a mim clamarão, mas eu não responderei; diligentemente me buscarão, mas não me acharão.
29 Porquanto aborreceram o conhecimento, e não preferiram o temor do Senhor;” (Provérbios 1.28,29)
“Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento;” (Provérbios 2.6)
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” (Oseias 4.6)
“Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos.” (Malaquias 2.7)
“1 Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rom 12.1,2)
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